As lições de um grande ditador
Manoel Hygino
Já é julho,
começamos a segunda metade de 2017. Pelo visto e admitido, será um semestre
novamente de grandes turbulências, como preconizam os ares do viver humano. Os
graves problemas não foram resolvidos, por motivos vários, inclusive os de
natureza moral e ética.
Jornalista amigo meu
me enviou algumas linhas que muito dizem: “Não só na esfera política que o
Brasil se pôs de cócoras; no setor privado, naquilo que é cotidiano e privado,
como dizia o Manifesto dos mineiros, a nação também está agachada, corrompida:
já não há palavra sendo cumprida, nem gente que trabalhe com a consciência de
que servir, honradamente, é elevado privilégio, estágio superior da consciência
moral. Vamos ter de recomeçar do zero. Porém, nossa fé – como na música,- não
deve se cansar... Deus... tenha pena de nós, nesse tempo de políticos tão
ilimitadamente desonestos, em todos os sentidos”.
O pensamento nos
obriga meditar e extrair lições –para o segundo semestre e para o futuro, a
curto e médio prazos nada encantadores. A geração de hoje tem grave
responsabilidade e há de assumi-la, se quiser que não seja execrada pelas que
virão.
Não me sai da
memória a mensagem de Charles Chaplin, a mensagem do genial vulto do cinema,
nascido em Londres no ano da proclamação da República no Brasil. Filho de
artistas de vaudeville, tinha cinco anos quando estreou no palco. Em turnê
pelos Estados Unidos em 1913, um ano antes do início da 1ª Guerra Mundial, foi
controlado por Mack Sennett. Só em 1914 fez 35 filmes, dirigindo a maior parte
deles. Plateias de todo o mundo consagraram-no a partir de então. De regresso à
Europa, depois de tornar-se difícil sua permanência nos EUA por suas posições
políticas, dirigiu grandes filmes, entre os quais “O Grande Ditador”.
Para se ter uma
ideia mais precisa do ali contido, seria interessante uma releitura dos textos
com o posicionamento do personagem central da história narrada. Ali, diz:
“O caminho da vida
pode ser de liberdade e de beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a
alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito
marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da
velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz
abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos
céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e
sentimos bem pouco. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e
doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.
É uma peça, pois, do
mais alto sentido social e humano, de abrangência universal. Mais adiante,
nossa linha de raciocínio, faz uma pelo à tropa preparada par aos embates
bélicos:
“Soldados! Não
batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São
Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem –não de um só homem
ou de um grupo de homem, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes
o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo,
tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura
maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos
todos nós. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que a todos assegure o
ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice”.
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