Aposentadorias
pressionam caixa em Minas
Felipe Boutros
Com déficit de R$
7,49 bilhões previsto para o ano que vem, de acordo com a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), o governo estadual pode ver o resultado piorar com o
debate sobre a reforma previdenciária avançando em Brasília. A análise de
riscos fiscais da LDO, encaminhada à Assembleia Legislativa de Minas, destaca a
necessidade de mecanismos de ajuste das contas previdenciárias e da
sustentabilidade do déficit da previdência ao longo do tempo. Além disso, prevê
uma corrida por aposentadorias de servidores que temem que possíveis mudanças
possam prejudicá-los.
Informações
fornecidas pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) apontam
que, entre maio de 2016 – quando a reforma passou a ser discutida – e abril de
2017, houve um aumento de 10,8% nas aposentadorias em relação ao mesmo período
compreendido entre 2015 e 2016. Foram 15.751 servidores aposentados contra
14.210, respectivamente.
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Já entre janeiro e
maio deste ano, foram 6.064 aposentadorias, uma alta de 20,4% em relação ao
mesmo período de 2016, quando foram concedidos 5.033 benefícios. A Seplag não
tem estimativa para 2018.
Ainda de acordo com
dados da Secretaria, o déficit previdenciário teve um salto entre 2015 e 2016,
quando passou de R$ 8,842 bilhões para R$ 14,86 bilhões. A estimativa para este
ano é a de que o valor chegue em R$ 15,02 bilhões.
O presidente da
Associação de Contribuintes do Ipsemg e Servidores Públicos Estaduais
(Ascon-Ipsemg), Moisés Melo, relembra que em 1995, quando o então presidente
Fernando Henrique Cardoso propôs uma reforma na previdência, houve uma corrida
por aposentadorias. Ele avalia, porém, que não seria uma surpresa se o mesmo
ocorrer agora.
Melo também alerta
que, no futuro, poderá acontecer uma queda na qualidade dos serviços prestados
pelo Estado, já que uma massa de servidores está se aposentando e não estão
sendo promovidos concursos públicos para a reposição das vagas.
Ativa
O governo do Estado também se mostra preocupado quanto à pressão por reajustes salariais das diversas carreiras de servidores públicos. O relatório faz referência à lei federal do teto de gastos quando diz que “é justamente a expectativa de limitação de gastos no longo prazo que precipita a demanda por aumentos no curto prazo”.
Ativa
O governo do Estado também se mostra preocupado quanto à pressão por reajustes salariais das diversas carreiras de servidores públicos. O relatório faz referência à lei federal do teto de gastos quando diz que “é justamente a expectativa de limitação de gastos no longo prazo que precipita a demanda por aumentos no curto prazo”.
O coordenador
político do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas
Gerais (Sindipúblicos-MG), Geraldo Henrique, diz que desde 2014 não há
negociação quanto a reajuste salarial.
Segundo ele, em
alguns casos, servidores aposentados estão há cinco anos sem aumento. “A única
coisa que conseguimos implementar foi um vale-refeição em 2015. Ele não faz
parte do custo da folha e entra como custeio do Estado”, explica Henrique,
ressaltando que apenas servidores na ativa recebem o benefício. Procurado, o
governo não se manifestou sobre essas questões até o fechamento da edição.
No relatório, outras
questões também preocupam o Executivo mineiro. Dentre elas, o cenário político
instável, por exemplo, que afeta diretamente a economia, e eventos e conflitos
internacionais que podem gerar repercussões para a economia brasileira em geral
e para alguns setores da economia mineira, como o agropecuário e o de
mineração.
Governo prevê
arrecadação 7,8% maior no próximo ano
A Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) para 2018 prevê uma receita total estimada em R$ 96,82
bilhões, mas com despesas de R$ 104,31 bilhões, o que provocará um déficit de
R$ 7,49 bilhões nas contas do Estado. Há a previsão de crescimento de 7,8% da
receita tributária, estimada em R$ 59,60 bilhões para o próximo ano.
O Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é a principal fonte de receita
prevista no orçamento, com arrecadação estimada em R$ 39,2 bilhões, seguido
pelo IPVA, com R$ 4,48 bilhões.
No anexo de riscos
fiscais da LDO, o governo se mostra preocupado com a possibilidade de propostas
de reforma tributária que “não assegurem ao Estado a autonomia financeira
necessária para suportar os gastos sociais inerentes à implementação das suas
políticas públicas, bem como custear os seus compromissos”.
Ainda no anexo,
chama a atenção o valor contingenciado para o pagamento de ações contra o
Estado: R$ 9,67 bilhões. Esse valor é divido entre os diversos processos, que
são classificados de acordo com o grau de probabilidade de prejuízo.
Do montante total,
R$ 6,12 bilhões estão previstos para as ações nas quais o governo entende que o
prejuízo é provável, ou seja, são as situações em que existem grandes chances
de perdas iminentes. As demandas judiciais, no entanto, apresentam longa
duração e não serão necessariamente executadas no ano que vem.
O estado também
prevê a possibilidade de prejuízo na arrecadação do ICMS na conta de luz.
Centenas de ações questionam a tributação de tarifas embutidas no valor total
da fatura. Se todos os consumidores foram beneficiados com a retirada das
tarifas embutidas no cálculo do imposto, o governo prevê um prejuízo de R$
1,752 bilhão por ano na arrecadação. (F.B.)
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