Governo Trump amplia lista
de imigrantes deportáveis e endurece regras do setor
Agência Brasil
Protestos contra Trump em Nova York durante o fim de semana
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (United States
Department of Homeland Security – DHS, na sigla em inglês) ampliou nesta terça
(21) o número de pessoas em situação irregular no país e que poderão ser
deportadas, além de determinar mais rigor no cumprimento das leis migratórias
existentes. As diretrizes para a lista de "deportáveis" foram
alteradas por meio de dois memorandos, assinados pelo secretário de Segurança
Interna, John Kelly.
Com as novas medidas, o perfil para deportações será ampliado e será
mais complicado o pedido de asilo no país. Além disso, qualquer imigrante
que vive ilegalmente nos EUA e que tenha sido acusado ou condenado por crimes,
passa a ser tratado com prioridade para deportação. A mudança inclui todos os
tipos de crimes, furtos e delitos de trânsito, além daqueles que já eram
considerados nas diretrizes anteriores, como tráfico de drogas, violência ou
homicídio.
Durante o governo Obama foram deportados mais de dois milhões de
imigrantes em situação irregular, mas a maioria, segundo o governo eram de
casos de imigrantes que haviam cometido crimes graves. A promessa de campanha
de Trump era de deportar 11 milhões de imigrantes irregulares. Mas, ao ganhar
as eleições, ele voltou atrás na quantidade e disse que deportaria cerca de
três milhões de imigrantes indocumentados que possuem problemas com a Justiça.
A quantidade exata de imigrantes passíveis de deportação ainda é
desconhecida, porque estudos de ONGs independentes revelam que não há no país
três milhões de imigrantes que tenham cometido crimes. Para analistas, para
chegar a este número, o governo poderia, por exemplo, começar a deportar
pessoas que dirigem sem carteira de motorista no país.
Recursos
As informações sobre como as deportações serão executadas também ainda
não estão claras, mas o documento assinado hoje aumenta os recursos da
Imigration and Customs Enforcement (ICE), o órgão responsável pela imigração do
país. Além disso a polícia, bem como agentes estaduais e municipais, poderá
cooperar com os agentes de imigração em deportações.
As medidas, contudo, não serão aplicadas de uma só vez, para não
sobrecarregar o sistema, segundo o governo. Não existe um plano para
deportações em massa, diz o DHS. De acordo com analistas já ouvidos pela
imprensa, entretanto, os funcionários da imigração poderão tomar decisões
imediatas sobre imigrantes irregulares, o que amplia os seus poderes.
“Sonhadores”
As mudanças nas diretrizes não impactam os chamados “Dreamers”
(Sonhadores), jovens acolhidos pelo Programa de Ação Diferida para a Infância
(Deferred Action for Childhood Arrivals – Daca, na sigla em inglês), lançado em
agosto de 2012 na gestão Obama e que mantém protegidos da deportação cerca de
750 mil jovens sem documentação regular que chegaram aos EUA quando eram
menores de idade.
Segundo os memorandos o programa será mantido, mas os jovens sob a
tutela do Daca perdem a "proteção" caso tenham cometido crimes ou
sejam considerados ameaças a sociedade. Na semana passada, Trump havia dito que
decidir sobre o futuro dos jovens do Daca era uma decisão "muito
difícil", mas que ele usaria o "coração" para cuidar do tema.
As diretrizes também chamam a atenção para as deportações
"sumárias" ou expressas, para casos de pessoas que tenham chegado aos
EUA há menos de dois anos. As autoridades imigratórias poderiam deportar
pessoas nesta situação em um tempo mais curto do que no caso de imigrantes
indocumentados com mais tempo no país.
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