Faturamento da indústria
mineira tem quinta queda consecutiva em 2016
Janaina Oliveira
CONTRAÇÃO - Com consumo em baixa, setor automotivo foi um dos que
puxaram para baixo faturamento do setor industrial em Minas
A indústria mineira levou mais um tombo em 2016. O faturamento nas
fábricas instaladas no Estado despencou 11,6% na comparação com 2015, ano em
que a queda chegou a 15,9%. É a quinta retração seguida sentida no caixa das
empresas, o que sinaliza que a recuperação do setor será um processo lento.
“Posso afirmar que em menos de três ou quatro anos a indústria não se
recupera do baque”, disse o presidente do Conselho de Política Econômica e
Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln
Gonçalves Fernandes, durante divulgação da Pesquisa Indicadores Industriais
(Index) relativa ao ano passado.
Com a derrapada no consumo, o setor automotivo, forte na economia
mineira, foi um dos que mais ajudaram a puxar o faturamento da indústria para
baixo. No caso dos veículos, o recuo chegou a 40,7% no ano passado, ante 2015.
Para ajustar a produção à demanda de mercado, a Fiat Chrysler Automóveis
(FCA), principal montadora instalada no Estado, concedeu, por várias vezes em
2016, férias coletivas e licença remunerada aos trabalhadores da fábrica em
Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Também foram feitas paradas
técnicas. No ano passado no país, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes
de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas voltaram aos níveis de 2006. Foram
comercializados 1,7 milhão de carros novos, retração de 20,5% ante 2015.
Além do setor automotivo, outros setores importantes em Minas sofreram
queda no faturamento: máquinas e equipamentos (-25%); celulose e papel (-13%) e
alimentos (-11,9%). “A retração no setor de máquinas e equipamentos evidencia a
falta de investimentos. Já no caso dos alimentos, produtos que normalmente iam
bem em Minas caíram, como café, laticínios e carne”, disse Fernandes. As
indústrias de químicos, bebidas, couro e calçados e produtos de metal também
faturaram menos em 2016.
Outros indicadores
Outros indicadores
O resultado ruim do faturamento global da indústria mineira foi
acompanhado por todos os outros indicadores que compõem o levantamento. As
horas trabalhadas na produção recuaram 5% em 2016, ante o ano anterior. O setor
de máquinas e equipamentos foi o que mais colocou o pé no freio (-27,7%), seguido
pelos produtos de metal (-18%).
O emprego também seguiu pelo mesmo caminho, com corte de 7% das vagas.
Segundo Fernandes, pelo menos 70 mil vagas foram eliminadas. Em 2015, o quadro
havia sido ainda mais grave, com a dispensa de 137 mil trabalhadores.
“A curva em 2015 foi ainda mais acentuada, já que em 2016 o ritmo de
demissões caiu pela metade. Isso prova que a crise bateu primeiro na porta da
indústria e só depois foi bater no comércio e serviços”, disse ele, que estima
uma retomada das contratações apenas no segundo semestre. “Até lá,
provavelmente o desemprego vai continuar, embora em escala menor”, afirmou.
Com queda de quase 37% no nível de emprego, o setor de produtos de metal
foi o que mais perdeu trabalhadores em 2016. “Esse segmento está fortemente
vinculado a investimentos e construção civil, que também têm sofrido”, disse.
Máquinas e equipamentos (-20%), têxteis (-13%) e veículos automotores (-7,8%)
também reduziram o quadro de pessoal. “O resultado do setor automotivo só não
foi pior porque já havia desempregado muito em 2015”, justificou.
O emprego em baixa levou a reboque a massa salarial real e o rendimento
médio real, com queda de 9,9% e 3%, respectivamente.
Pelo terceiro ano seguido, produção da indústria no país despenca 6,6%
em 2016
A produção industrial brasileira fechou 2016 com queda de 6,6% – a
terceira taxa anual negativa consecutiva. Em 2015, a produção do setor havia
recuado 8,3% frente a 2014 que, por sua vez, já havia fechado o ano com
produção negativa de 3% frente aos 12 meses imediatamente anteriores. Os dados
são da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil e foram divulgados
ontem pelo IBGE. Eles indicam que as taxas anualizadas (indicador acumulado nos
últimos 12 meses) permaneceram com o ritmo de queda iniciado em junho de 2016
(-9,7%).
Apesar dos sucessivos números negativos nas taxas anuais, em dezembro de
2016 a produção industrial do cresceu 2,3% frente a novembro – na série livre
de influências sazonais. O resultado de dezembro é a segunda taxa positiva consecutiva,
acumulando nos dois últimos meses do ano passado expansão de 2,6%.
Os índices do setor, porém, foram também negativos tanto para o fechamento do quarto trimestre de 2016 (-3,1%), quanto para o acumulado do segundo semestre do ano (-4,2%) – as duas comparações em relação aos mesmos períodos de 2015.
Os índices do setor, porém, foram também negativos tanto para o fechamento do quarto trimestre de 2016 (-3,1%), quanto para o acumulado do segundo semestre do ano (-4,2%) – as duas comparações em relação aos mesmos períodos de 2015.
Resultado positivo em dezembro
O crescimento da produção industrial em dezembro reflete resultados
positivos em três das quatro grandes categorias econômicas e em 16 dos 24 ramos
pesquisados pelo IBGE. Entre as grandes categorias econômicas, os destaques
ficaram com bens de consumo duráveis, cujo crescimento chegou a expressivos
6,5%, e bens de consumo semi e não duráveis, com alta de 4,1%.
No que se refere aos ramos de atividade, o principal destaque foi o de veículos automotores, reboques e carrocerias, que chegou a crescer 10,8%. Outras contribuições positivas vieram de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (5,5%); de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (15,2%), de produtos de borracha e material plástico (8,3%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (10,9%).
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