Operação 'Lava Jato' trava
setor da construção pesada em Minas
TATIANA LAGÔA
À ESPERA – Oito trechos licitados da BR-381, de um
total de 11, estão parados hoje em Minas Gerais
A redução dos investimentos em
infraestrutura no país, como reflexo da crise econômica e da operação “Lava
Jato”, tem deixado à mingua a construção pesada em Minas Gerais. De 2014 a
2016, o setor teve uma queda de 60% no faturamento frente aos dois anos
anteriores. No mesmo período, 60 mil trabalhadores da área foram demitidos no
estado. As maiores empreiteiras do país estão envolvidas no maior processo de
investigação de corrupção e lavagem de dinheiro no país: a “Lava Jato”.
Segundo dados da Associação Nacional
das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), Minas tinha, até julho do ano
passado, cerca de 100 obras paradas em estradas federais e 25 em andamento. Os
números bateram como um “tufão” sobre os negócios de construtores, que viram,
então, uma paralisação das atividades.
O presidente da Aneor, José Alberto
Pereira Ribeiro, explica que o ano de 2016 foi marcado por problemas como
atrasos médios de cinco meses nos pagamentos, falta de linhas de crédito para
capital de giro, além de aumento das taxas de juros.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Pesada de Minas Gerais (Sicepot), Emir Cadar Filho, o impacto foi uma retração de 60% no faturamento do setor em dois anos. Uma das obras que ilustram o que vem ocorrendo com as empresas do estado é a da BR-381, que está travada.
Cortes
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Pesada de Minas Gerais (Sicepot), Emir Cadar Filho, o impacto foi uma retração de 60% no faturamento do setor em dois anos. Uma das obras que ilustram o que vem ocorrendo com as empresas do estado é a da BR-381, que está travada.
Cortes
A Vilasa Construtora, que atua na
construção pesada, foi uma das que sentiram os reflexos do menor ritmo de
investimentos. A empresa perdeu 60% do faturamento em 2015 frente a 2014. Em
2016, ela apresentou o mesmo faturamento do ano anterior, segundo o
diretor-presidente Alberto Salum.
Os cortes refletiram no quadro de
funcionários. a. Se há dois anos a Vilasa empregava 1.400 pessoas, fechou 2016
com apenas cem. Com uma perspectiva de pequena melhora, o grupo pretende
contratar outras 400 neste ano.
A Odebrecht Engenharia e Construção,
uma das investigadas na “Lava Jato”, sente o peso da nova realidade de mercado.
Segundo a empresa, desde 2011, houve uma redução na participação dos negócios
realizados no Brasil, de 45% para 25%, sobre a receita global.
Assim como as demais, a empresa vem
enxugando pessoal. “Os desligamentos ocorreram devido ao cenário econômico e
político, com a conclusão e entrega de diversos contratos no setor de
engenharia e construção”, afirma em nota.
Para Cadar Filho, o ano de 2017 deverá ser um pouco melhor que 2016. Mas recuperação mesmo deverá ocorrer apenas em 2018
Para Cadar Filho, o ano de 2017 deverá ser um pouco melhor que 2016. Mas recuperação mesmo deverá ocorrer apenas em 2018
Paralisações em estradas
Das onze áreas licitadas na BR-381,
oito estão paradas por motivos diversos. Segundo o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (Dnit), apenas dois lotes estão com as obras
concluídas (3.2 e 3.3) e o lote sete está em andamento, com 38% das intervenções
concluídas. Os demais lotes estão com as obras paralisadas por problemas que
passam pela rescisão e vencimento dos contratos e até não contratação das
obras.
Outras duas rodovias federais em obras
no estado são a BR-146 e a BR-135. Ambas com previsão de término em maio deste
ano.
Já nas estradas estaduais, segundo o
Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), há uma previsão
de investimentos da ordem de R$ 730 milhões em 2017. O recurso será utilizado
para a elaboração de projetos, construção, manutenção e operação de rodovias.
Segundo o órgão, desde 2015, os
investimentos em infraestrutura rodoviária são concentrados na retomada de
obras paralisadas e na execução de serviços de recuperação e manutenção de
rodovias estaduais.
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