Patrimônios do Brasil têm
potencial turístico, mas atraem poucos visitantes
Tatiana Lagôa
Apesar de ser o décimo primeiro país com maior número de Patrimônios
Culturais e Naturais Mundiais da Humanidade declarados pela Unesco, o Brasil
não entra na lista dos que mais recebem turistas. Faltam investimentos e
promoção das vinte localidades brasileiras que possuem esse status para atrair
visitantes ao país, na avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU). Por
isso, o órgão recomenda ao governo federal a criação de uma política nacional
de gestão desses patrimônios.
Somente em Minas Gerais, são quatro patrimônios culturais registrados na
Unesco: a cidade de Ouro Preto, o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos,
em Congonhas, o Centro Histórico de Diamantina e o Conjunto Arquitetônico da
Pampulha, em Belo Horizonte.
Por terem a importância mundialmente reconhecida, o esperado era que
esses locais atraíssem um contingente maior de pessoas. O Fundo Monetário
Internacional (FMI) estima que cada patrimônio mundial seja capaz de aumentar
em 1% o número de visitantes no país.
No entanto, segundo análise do TCU, não é esse o caso no Brasil. Tanto
que, segundo o Fórum Econômico Mundial, o país está na vigésima oitava posição
em competitividade no turismo global.
Fora daqui
Mundialmente, os dez destinos mais procurados coincidem com os de maior
número de patrimônios registrados. A França, por exemplo, é o quarto país em
declarações na Unesco e o primeiro em turismo. A Espanha ocupa o terceiro posto
nos rankings e a China é o segundo país com mais opções de patrimônios e o
quarto em recebimento de pessoas.
Para o TCU, o que falta no Brasil para tornar esses pontos mais
atraentes é um planejamento com visão de longo prazo. Além disso, o Tribunal
aponta para falta de investimento na infraestrutura desses locais. Pautando-se
nisso, o órgão recomenda a criação de um Plano Nacional de Gestão do Patrimônio
Mundial da Humanidade.
“A verdade é que temos os patrimônios, mas não existe um trabalho
consolidado para atrair os turistas para eles”, concorda com o TCU o consultor
executivo especializado em hotelaria Maarten Van Sluys.
Em nota, o Ministério do Turismo afirma que já desenvolve políticas que
busquem a proteção e conservação dos patrimônios. Dentre as ações citadas pela pasta
estão a implantação de sinalização turística nos municípios que compõem o
patrimônio mundial. Em 2016, foram 1.050 obras entregues em todo o Brasil com
investimento de R$ 499 milhões. Além disso, foram liberados no fim do ano mais
R$ 16, 5 milhões para 13 obras do PAC do Turismo.
O governo explica, ainda, que foram feitas parcerias com o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na melhoria da
infraestrutura dos parques nacionais do país, e com o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a realização do projeto Patrimônio
e Turismo, que visa debater a inclusão das fortificações brasileiras na Lista
do Patrimônio Mundial. Orçado em R$ 370 mil, o projeto prevê seminários e
atualização do Guia Brasileiro de Sinalização Turística.
Minas Gerais será ‘vendida’ como ‘acervo’ histórico
Os turismos cultural e histórico serão os motes de atração turística de
Minas Gerais. O governo do Estado investirá R$ 8 milhões neste ano, em uma
campanha visando esse reposicionamento e incrementando o turismo local. Em
2016, foi investido R$ 1,5 milhão para esse mesmo fim.
“Fizemos uma análise do potencial turístico do Estado e decidimos
apostar no que de fato atrai turista. Vamos vender Minas Gerais como Patrimônio
Histórico do Brasil. Quem quiser conhecer o país necessariamente tem que passar
por aqui”, afirma o secretário de adjunto de Turismo do Estado, Gustavo Arrais.
“Turismo é mercado. Por isso estamos buscando inserir Minas Gerais de forma
mais ativa nesse negócio”, observa.
O secretário concorda com a conclusão do TCU de que falta uma política
nacional mais ativa para estimular o turismo nos Patrimônios Culturais da
Humanidade.
No prejuízo
Minas Gerais acaba sendo prejudicada com isso, uma vez que o Estado
possui quatro sítios de patrimônio. Para Gustavo Arrais, um estímulo dos
turismos cultural e histórico beneficiará diretamente as cidades que possuem
bens da humanidade. Até porque três delas são históricas e a outra é a capital,
porta de entrada para o turismo internacional.
O primeiro passo é tornar o potencial turístico do Estado mais conhecido
internacionalmente. O segundo é partir para o fomento da atividade, formando
parcerias com os setores. “Sozinhos não conseguiremos resultados. Somos
indutores de investimentos. Por isso atuamos mais no planejamento”, explica
Arrais.
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