Especialistas apontam
alternativas para complementar o INSS
Filipe Motta
Com a reforma da Previdência batendo à porta e empurrando o dia da
aposentadoria para mais distante ainda, as opções de previdência complementar
que pipocam no mercado aparecem como alternativas. Especialistas ressaltam que
não há receita para rendimentos fáceis, mas que há várias opções mais
interessantes do que a velha e manjada caderneta de poupança.
Pode parecer complicado mas, além dos já conhecidos planos de
previdência privada (divididos em VGBL e PGBL), surgem como opções fundos de
renda fixa, CDBs e Letras de Crédito Imobiliário e Agropecuário, Letras de
Câmbio e os famosos Títulos do Tesouro. “Antes de escolher entre as
alternativas, a pessoa precisa pensar que fará um investimento de longo prazo,
uma reserva. Serão anos de vida profissional pela frente e é preciso disciplina
para não retirar o recurso antes da hora”, aponta o analista de mercado e
professor de finanças Paulo Vieira.
“Com 30 anos de contribuição é possível ter uma boa renda complementar
guardando cerca de 10% do seu ganho mensal”, sugere o presidente da Associação
Brasileira de Educadores Financeiros, Reinando Domingos. Fatores como correção
inflacionária, tempo que você vai querer desfrutar da sua renda complementar, depois
de aposentado, e a incidência do imposto de renda sobre os rendimentos também
precisam ser considerados na escolha.
“Um ponto importante é que quando a pessoa se planeja para a
aposentadoria é preciso pensar o efeito da inflação no longo prazo. Falar que
pretende ganhar R$ 5 mil é pensar num valor equivalente a R$5 mil no futuro”
explica Vinícius Maeda, diretor de relações com investidores da consultoria
Magnetis.
Segurança
Segurança
Opção mais conservadora, a clássica caderneta de poupança tem rendido
aquém da inflação, mas ainda atrai pela facilidade. A grande maioria dos
analistas, porém, defende o abandono da poupança para opções como o Tesouro
Direto Selic – uma das variações de títulos do Tesouro Federal. Ele tem grande
liquidez (ou seja, assim como a poupança, pode ser sacado diariamente) e tem
correção inflacionária feita de acordo com a taxa básica de juros, a Selic,
definida pelo Banco Central.
Os títulos do Tesouro são considerados investimentos muito seguros por
analistas, já que o risco de calote do gestor é muito baixo, pois significaria
um calote do governo federal. Com esses títulos, é possível começar
investimentos com valores baixos, como R$ 30. Ao contrário da poupança, no
entanto, há cobrança de imposto de renda. Mas ela é regressiva, ou seja, quanto
mais anos você deixar o dinheiro rendendo, menor a mordida do Leão.
Para quem não quer ver a cara do felino da Receita Federal, uma
modalidade de investimento em alta são as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e
as Letras de Crédito Agropecuário (LCA), que, como o nome indica, são recursos
aplicados pelas instituições em imóveis e na área rural. “São ótimos
investimentos para médio prazo, que podem ser renovados para longo”, aponta o
professor de finanças do Ibmec Ricardo Couto.
“Não há número mágico sobre o investimento mínimo a ser feito
mensalmente. Vários fatores estão envolvidos, incluindo a taxa de juros, a
inflação do período e quando se pretende iniciar a retirada. Quanto antes a
pessoa começar, menos terá que contribuir mensalmente”
Vinícius Maeda
Diretor de relações com investidores da Consultoria MaGnetis
Diretor de relações com investidores da Consultoria MaGnetis
Mais de um investimento é caminho contra o risco
Outro investimento tradicional no mercado são os Certificados de
Depósito Bancário (CDB). “Você chega com o dinheiro, e o banco fixa valores
mínimos de remuneração. É um título de renda fixa em que é negociada a
remuneração caso a caso. Se parece muito com o Tesouro Direto. Há vencimentos
variados”, explica o professor de finanças Paulo Vieira.
E há sempre a opção dos fundos de investimento, geridos por bancos e
financeiras. Os fundos são uma espécie de “condomínio de dinheiro”, explica
Paulo, em que as gestoras investem em várias opções de negócio. “É sempre uma
boa opção, mas é preciso ficar atento às taxas de manutenção”, alerta.
Aposta
Aposta
Por outro lado, a Bolsa de Valores apresenta-se como alternativa para
quem está disposto a ter retorno num prazo superior a cinco anos. “Depende de a
pessoa ter apetite a risco, e também da idade em que se começa a investir. Para
pessoas muito próxima da fase de retomar o recurso é complicado”, pondera
Ricardo Couto, do Ibmec. Pesa contra a Bolsa também a complexidade das
operações envolvidas.
Mas, independente da escolha, é sempre importante informar-se sobre como
andam as oscilações do investimento feito para, em casos extremos, trocá-lo.
Além disso, ponderam os especialistas, o ideal é sempre ter mais de uma opção.
“É interessante a pessoa ter uma carteira de investimentos, não somente um.
Combinar títulos do Tesouro, LCA e Bolsa de Valores, por exemplo”, diz Vinícius
Maeda, da Magnetis.
Paulo Vieira lembra que há sempre a possibilidade de se contratar serviços de financeiras ou de gestores de finanças para cuidar do investimento, mas pondera que isso custa dinheiro e pode não valer à pena, dependendo do valor a ser investido.
Paulo Vieira lembra que há sempre a possibilidade de se contratar serviços de financeiras ou de gestores de finanças para cuidar do investimento, mas pondera que isso custa dinheiro e pode não valer à pena, dependendo do valor a ser investido.
MONITORAMENTO PELA INTERNET FACILITA
A analista de comunicação Stéphanie Bollmann, 27 anos, é um caso
interessante de quem trocou a caderneta de poupança por outros investimentos.
Ela conta que há quase dez anos juntava parte da renda na forma clássica. “No
banco onde tenho conta diziam que era melhor deixar na poupança, que o dinheiro
era pouco e não fazia diferença trocar de investimento. Eu, meio preguiçosa,
sempre deixava do mesmo jeito”, diz ela.
No ano passado, no entanto, depois de conselhos de amigos e de pesquisar
alternativas, ela decidiu aplicar parte do recurso em Letras de Crédito
Imobiliário (LCI), no próprio banco. “Tentaram me empurrar outras coisas, como
títulos de capitalização, mas insisti. Fiz um pequeno aporte em LCI para
testar. Hoje, faço campanha para as pessoas abandonarem a poupança”, brinca.
Neste ano ela decidiu fazer outro investimento. Depois de uma pesquisa, optou por uma financeira, investindo nas chamadas Letras de Câmbio (LC). “Dá para fazer sozinha. Assim como no caso do LCI, fiz o investimento e monitoro pela internet. É claro que tem mais variáveis que a poupança, mas não é difícil controlar”, conta.
Neste ano ela decidiu fazer outro investimento. Depois de uma pesquisa, optou por uma financeira, investindo nas chamadas Letras de Câmbio (LC). “Dá para fazer sozinha. Assim como no caso do LCI, fiz o investimento e monitoro pela internet. É claro que tem mais variáveis que a poupança, mas não é difícil controlar”, conta.
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