Nos postos mais altos,
diferença salarial entre mulheres e homens supera 50%
Agência Brasil
Estudo divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra
que o crescimento dos salários em todo mundo teve queda ao longo de 2016,
atingindo o nível mais baixo desde 2012. O Relatório Global sobre Salários
2016-2017 revela ainda que a diferença salarial entre homens e mulheres fica
acima de 50% nos posto de trabalho mais bem pagos das empresas.
De acordo com a OIT, apesar da recuperação dos salários em algumas
economias desenvolvidas no ano passado, como Estados Unidos e Alemanha, o
desempenho ruim dos países emergentes puxou para baixo a média mundial. Em todo
o mundo, o crescimento dos salários tem desacelerado para seu menor nível em
quatro anos, passando de uma alta de 2,5% em 2012 para 1,7% em 2015.
Segundo o relatório, no período imediatamente posterior à crise
financeira de 2008-2009, o crescimento dos salários mundiais foi impulsionado
por um avanço relativamente forte nos países e regiões em desenvolvimento. Mais
recentemente, no entanto, esta tendência se desacelerou ou se reverteu.
Diferenças regionais
O relatório mostra que entre os países emergentes e em desenvolvimento
do G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União
Europeia, o crescimento dos salários reais passou de 6,6%, em 2012, para 2,5%,
em 2015. Já o crescimento dos salários entre os países desenvolvidos do bloco
passou de 0,2%, em 2012, para 1,7%, em 2015, o índice mais alto dos últimos dez
anos. Em 2015, os salários cresceram 2,2% nos Estados Unidos, 1,5% no Norte,
Sul e Oeste da Europa, e 1,9% nos países da União Europeia.
O estudo revela ainda “grandes diferenças” regionais entre as economias
em desenvolvimento. Por exemplo, em 2015, o crescimento dos salários manteve
uma taxa de 4% no Sul e Leste da Ásia e no Pacífico, enquanto foi de 3,4% na
Ásia Central e Ocidental e estimado provisoriamente em 2,1% nos Estados Árabes
e em 2% na África. No entanto, em 2015, os salários reais caíram 1,3% na
América Latina e no Caribe e 5,2% no Leste Europeu.
De acordo com o levantamento da OIT, analisando a distribuição dos salários
dentro dos países, verificou-se, na maioria dos casos, uma desigualdade na
comparação do crescimento salarial entre os que recebem as mais altas e as mais
baixas remunerações.
Na Europa, os 10% trabalhadores mais bem pagos recebem, em média, 25,5%
do total dos salários de todos os empregados em seus respectivos países. Isso
representa quase 50% do que recebem os salários mais baixos (29,1%). A parcela
recebida pelos 10% mais bem pagos é ainda maior em algumas economias
emergentes, como o Brasil (35%), a Índia (42,7%) e a África do Sul (49,2%).
Desigualdade entre homens e mulheres
Quando a comparação é feita entre os salários recebidos por homens e
mulheres a desigualdade é ainda mais acentuada, mostra o estudo. “Embora a
diferença salarial geral por hora entre homens e mulheres na Europa seja de
cerca de 20%, a diferença salarial entre homens e mulheres no grupo dos 1% de
trabalhadores mais bem pagos chega a cerca de 45%. Entre homens e mulheres que
ocupam cargos de diretores executivos e estão entre o 1% de trabalhadores mais
bem pagos, a diferença salarial entre homens e mulheres é acima de 50%”, diz
trecho da nota divulgada pela OIT.
O relatório aponta as políticas de salários mínimos e a negociação
coletiva como instrumentos importantes para reduzir a desigualdade salarial
excessiva. O relatório sugere ainda a regulamentação e a autorregulamentação
das remuneração dos executivos como forma de reduzir as desigualdade salariais
entre homens e mulheres.
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