Bióloga mineira quer
reciclar bitucas de cigarro e transformar em porta-copos
Agência Brasil
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
Bárbara Sales, de 26 anos, apresentou seu trabalho durante a 7ª
ExpoCatadores
A bióloga Bárbara Sales, de 26 anos, vem desenvolvendo uma pesquisa para
transformar as bitucas de cigarro em porta-copos. Ela apresentou seu trabalho
durante a 7ª ExpoCatadores, em Belo Horizonte. O evento, organizado pelo
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), começou no
dia 28 e terminou no dia 30.
Atualmente trabalhando como educadora ambiental no Instituto Inhotim,
Bárbara começou seu estudo, como projeto de final de curso, no Centro
Universitário Newton Paiva. Ela coletou manualmente as bitucas pelas ruas da
capital mineira e também disponibilizou um coletor em alguns bares, onde os
fumantes poderiam fazer o descarte do resto do cigarro após o consumo.
Por meio de testes e de revisão bibliográfica, a bióloga estabeleceu um
processo de reciclagem. "Eu deixei as bitucas de molho em um componente
químico por cerca de sete dias. Em seguida, o material foi submetido a um
cozimento a 200 graus e virou uma massa. Depois, há um processo para deixar as
partículas mais homogêneas, a secagem e a confecção do porta-copo",
explica.
De acordo com levantamento da publicação Tobacco Atlas, da Organização
Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5,8 trilhões de cigarros foram consumidos em
todo o mundo em 2014. O Brasil é apontado como o maior mercado latino-americano
do produto. Diante desse cenário, o objetivo de Bárbara é promover a
conscientização ambiental dos fumantes. "Eu pensei no porta-copo por um
raciocínio simples. O público fumante geralmente frequenta bares. Se esses
bares e restaurantes oferecerem um produto feito a partir do resto do cigarro
que ele consome, esse público pode se conscientizar e parar de jogar as bitucas
nas ruas de forma inadequada".
Ainda sem patrocínio para a pesquisa, Bárbara conta com o apoio do
Centro Universitário Newton Paiva, que lhe empresta os laboratórios mesmo ela
já tendo concluído a graduação. Sua pesquisa está agora entrando na fase de
análises químicas para verificar se ainda há toxinas no porta-copo e como
retirá-las. Ela também está fazendo testes com outros reagentes para chegar a
um produto final com mais resistência e capacidade de absorção. A expectativa é
de que o porta-copo possa, futuramente, se tornar mercadoria e ser
comercializado com os bares.
A iniciativa de reciclar bitucas não é inédita no Brasil. No Instituto
de Artes da Universidade de Brasília (UnB), já existe uma pesquisa com
resultados cujo objetivo é transformar os restos do cigarro em papel e,
consequentemente, em cartões, convites de festas e outros produtos de
papelaria. O projeto obteve a parceria de um empreendedor da cidade de
Votorantim (SP) que abriu, em março deste ano, uma usina na cidade paulista
para a reciclagem de bitucas.
A Rede Papel Bituca, gerida pelo Instituto SOS - Sistemas Organizados
para a Sustentabilidade - atua na capital paulista e também transforma o resto
do cigarro em papel. A iniciativa desenvolve ainda ações de conscientização
pelo descarte correto em shows. Segundo estimativa da Rede Papel Bituca, cerca
34 milhões de bitucas são descartadas diariamente nas ruas da Grande São Paulo.
Cada uma delas demoraria em média quatro anos para decomposição, gerando
problemas ambientais em metrópoles, florestas e campos.
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