Insegurança, vergonha e
medo
Simone Demolinari
Embora saibamos o prejuízo que algumas emoções podem nos trazer, muitas
vezes não conseguimos dominá-las. Sentimo-nos prisioneiros, mas não sabemos
como deixar de sê-los.
A insegurança, por exemplo, pode ser a grande vilã do sucesso
profissional ou pessoal de um indivíduo. Na década de 50, um psicólogo de nome
Solomon Asch, revelou essa fragilidade através do seguinte experimento: numa
sala de aula, ele desenhou quatro linhas e fez uma pergunta cuja resposta
correta seria a linha de número 3.
A resposta era óbvia, entretanto, no intuito de induzir a turma, Solomon
combinou com 7 alunos que eles responderiam que a linha correta seria a de n.
1. O que aconteceu? A maioria dos alunos, mesmo acreditando intimamente que
aquela não seria a resposta correta, não teve coragem de ir contra os demais.
Ficaram inseguros de arriscar e não defenderam suas opiniões.
Esse comportamento foi batizado de Síndrome de Solomon – indivíduos que
confiam mais na opinião dos outros do que nas próprias.
A insegurança é a ausência de convicção. O indivíduo inseguro sente que
o outro é superior a ele e por isso se desestabiliza ao menor sinal de
desaprovação ou ao surgimento de uma nova variável. Suas decisões são instáveis
e precisam de constantes reforços positivos.
Já a vergonha deriva da sensação de inadequação. O indivíduo que não se
sente confortável consigo mesmo fica envergonhado em situações corriqueiras,
como fazer uma pergunta em público, vivenciar situações novas, dizer o que
pensa, pedir uma informação. Já ouvi relatos de pessoas que sentem vergonha de
ir ao banheiro.
Geralmente, esse desconforto surge quando a pessoa sente que está sendo
observada. É por isso que “ser o centro das atenções” é tão desconcertante para
alguns. Estar sob holofotes é estar vulnerável ao julgamento alheio.
O ponto interessante é que a vergonha ocorre a partir do autojulgamento.
Ou seja, é com base na própria percepção que o indivíduo acredita estar sendo
avaliado. Por isso, quanto maior a sensação de inferioridade, maior a vergonha.
O medo vem como pano de fundo dessas emoções: medo de errar, medo de
fracassar, medo de perder, medo do ridículo, medo de não ser aceito.
A insegurança, vergonha e medo estão relacionados tanto com a infância –
excesso de cr<CP9.6>íticas, educação rígida, comparações entre irmãos,
desassistência materna ou paterna –, quanto com as experiências da vida adulta
– frustrações, traumas, perdas e dores.
Tudo isso pode contribuir para o enfraquecimento da autoestima e é aí
que mora o perigo: quanto mais baixa a autoestima, maior a preocupação com o
que os outros irão pensar.
Essa preocupação excessiva com o outro (que na verdade é uma preocupação
com a própria imagem), faz com que o indivíduo crie uma personalidade
artificial e adaptada, podendo se tornar no que o senso comum chama de
“bonzinho” – uma característica supostamente nobre, mas que deriva de um grande
sofrimento.
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