Partidos estão perdendo o
sentido
Editorial Jornal
Hoje em Dia
As escolhas dos eleitores para esta eleição tem tudo para ser muito mais
pessoais do que em pleitos anteriores. A população deverá levar em consideração
na hora do voto a história do candidato e sua atuação nos últimos anos do que a
ideologia do partido que ele representa. Poucos irão basear as opções por
bandeiras ou ideais.
Essa característica pode ser considerada uma consequência da decepção da
população com o Partido dos Trabalhadores. Apesar do PT negar a prática dos
desvios pelos quais vários de seus líderes foram processados e condenados, o
envolvimento dos caciques petistas nas investigações de esquemas de corrupção
abalou a confiança na legenda, que era o maior exemplo de uma sigla que seguia
à risca a ideologia que baseou a sua fundação. O principal partido que defendia
bandeiras históricas se revelou, segundo as denúncias, um grupo político comum,
com os mesmos objetivos de outros que o PT atacou tanto quando era oposição.
No Legislativo, devido à nova regra implantada para evitar o chamado
“efeito Tiririca”, os próprios partidos desaconselham o voto na legenda, o que
contribuiu ainda mais para que o voto seja pessoal e menos ideológico.
Não que ainda não haja pelo que lutar. Conforme também mostramos nesta
edição, um grupo de 12 pessoas resolveu se candidatar defendendo bandeiras da
diversidade e da igualdade de direitos. Um movimento político independente, com
bandeiras mais modernas, mas que para atender à legislação foi obrigado a se
filiar a uma legenda. O mais adequado seria permitir candidaturas
independentes.
Na verdade, atitudes como essas mostram que os partidos não são mais
necessários. A maior parte das siglas se tornou hoje uma associação de algumas
pessoas e empresas com o objetivo de fazer aquele grupo alcançar o poder por
meio da política.
Ora, qualquer grupo com interesses comuns, mesmo não tão nobres, pode se
organizar na nossa democracia e lutar por aquilo que defende dentro dos meios
legais. A diferença é que um partido tem uma sigla e um número. Só!
Após essas eleições, muitos aspectos deverão ser avaliados na política
do país. Um deles, certamente, é se precisamos mesmo de partidos. Do jeito que
está, sem ideias definidas a serem defendidas pelas legendas, não faz o menor
sentido tê-los.
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