Sem aval da Arquidiocese,
reforma da Igrejinha da Pampulha pode ser cancelada
Alessandra Mendes
RESTAURAÇÃO – Entre outros reparos, estão previstas intervenções no
forro e na junta de dilatação da estrutura da capela
Esperada há pelo menos três anos, a restauração da Igrejinha da Pampulha
corre o risco de não sair do papel. Desta vez, o problema não é falta de
recursos, já que o montante liberado pelo governo federal para a obra, R$ 1,4
milhão, já está garantido. O entrave está na data para início das intervenções.
Dona do espaço, a Arquidiocese de Belo Horizonte ainda não bateu o martelo.
Caso não haja definição até o mês que vem, o dinheiro terá que ser devolvido, e
a reforma na Capela São Francisco de Assis, cancelada.
Elaborado pela Prefeitura de BH, o projeto executivo da obra já está
pronto e o começo dos reparos está marcado para dezembro. A restauração já foi
adiada duas vezes por causa de celebrações e matrimônios já agendados para a
Igrejinha. Por este mesmo motivo, as intervenções podem terminar não
acontecendo novamente.
“Nosso convênio junto ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
Cidades Históricas não pode ser mais adiado porque já foram feitos todos os
adiamentos possíveis. Ou usamos esse recurso agora, ou temos que devolver para
o governo federal. E, nesse momento, desconheço outra fonte de recurso que
possa ser buscada para custear as intervenções”, afirma o presidente da
Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira.
De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), a empresa que fará a obra na capela já foi contratada, sendo a
Prefeitura de BH responsável pela execução do projeto e andamento das
intervenções
Como trata-se de um imóvel particular, cabe ao dono definir se fará ou
não as intervenções dentro desses termos, que incluem custo zero. Apesar do
risco de ter que conviver por mais alguns anos com os problemas já existentes,
como infiltrações e rachaduras, a Arquidiocese de BH ainda não tem uma posição
definitiva do que vai acontecer.
Silêncio
A entidade religiosa foi questionada exaustivamente sobre essas questões, mas se limitou a responder o que já havia dito anteriormente, que ainda estuda o que vai ser feito. A sinalização, no entanto, é pela manutenção dos casamentos que já estão marcados na Igrejinha pelo menos até novembro de 2017.
A entidade religiosa foi questionada exaustivamente sobre essas questões, mas se limitou a responder o que já havia dito anteriormente, que ainda estuda o que vai ser feito. A sinalização, no entanto, é pela manutenção dos casamentos que já estão marcados na Igrejinha pelo menos até novembro de 2017.
A Arquidiocese alega que foi comunicada do cronograma da reforma apenas
em setembro deste ano, antes disso tratava-se apenas de uma expectativa.
“Agora, com a oficialização da restauração, a Arquidiocese formará uma equipe
técnica, com diferentes especialistas das suas instituições, para trabalhar de
forma a respeitar as legalidades do processo de restauração, mas na direção de
conciliá-lo com a celebração dos matrimônios”, diz a nota divulgada pela
entidade.
A possibilidade de manter a obra sem cancelar os casamentos já marcados
parece, a princípio, um grande desafio já que o trabalho dentro e fora da
capela exige a instalação de andaimes e passa pela correção de problemas
estruturais como a junta de dilatação.
“Não estou sabendo dessa possibilidade, mas isso teria que ser analisado
pelo engenheiro responsável. O que posso dizer é que ficar sem a obra é um
prejuízo para todos porque trata-se de um bem privado, mas também de um imóvel
tombado e parte de um conjunto que é patrimônio da humanidade”, ressalta
Leônidas.
Casamentos estão mantidos e novas marcações são avaliadas
Apesar de ainda não ter uma definição sobre como e quando será a reforma
na Igrejinha, a Arquidiocese praticamente descartou a possibilidade de
cancelamento ou transferência dos casamentos já agendados. Mais do que
tranquilizar os casais com relação à realização do matrimônio na capela, a
entidade ainda trabalha com a possibilidade de “encaixar” mais celebrações até
novembro do ano que vem.
A reportagem do Hoje em Dia entrou em contato com a secretaria da
paróquia e, segundo uma funcionária do setor responsável por agendar as
cerimônias, há matrimônios marcados até 4 de novembro de 2017. Nesse dia – um
sábado – cinco casamentos estão previstos. Ela foi categórica ao afirmar que
“nenhum será cancelado”.
A necessidade de reparos emergenciais em um dos principais
cartões-postais da capital se arrasta desde meados de 2013; infiltrações, mofo,
manchas e até painéis danificados saltam aos olhos de quem visita o espaço
Apesar de remota, a funcionária não descartou a possibilidade de marcar
novos casamentos ao longo do ano que vem. Perguntada se seria possível agendar
para 2018, a mulher disse que não, pois naquele ano deveria, de fato, começar
as obras de restauro.
Esta informação, de obras apenas em 2018, também foi repassada aos
casais que já estão agendados para matrimônios no local. De acordo com algumas
noivas ouvidas pela reportagem, que preferiram não se identificar, foi
inclusive dito durante a missa do último fim de semana que estuda-se a
possibilidade de serem feitas intervenções pequenas até novembro de 2017 e a
parte da obra mais pesada só começar depois desta data.
A Arquidiocese de Belo Horizonte não confirma estas informações. A
entidade religiosa se limita a dizer que o assunto ainda está sendo discutido e
não há nenhuma decisão tomada sobre o assunto no momento.
Na semana passada, algumas noivas, alertadas pela possibilidade de
cancelamento dos casamentos, foram até a sede da Arquidiocese esclarecer o
assunto. Uma das noivas foi avisada, após um contato com a prefeitura, que a
obra já estava programada para ser iniciada no fim do ano. Depois de uma
conversa com representantes da igreja, as noivas preferiram não dar mais
declarações sobre a situação.
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