PEC dos gastos públicos é
foco dos ministros e aliados do presidente Temer
Flávia Ivo*
Ministro Henrique Meirelles: “se aumentar novamente a despesa federal,
vou prejudicar a recuperação econômica”
A equipe e os aliados do presidente Michel Temer estão com discursos
alinhados no que se refere à PEC dos gastos públicos, que torna efetivo o
limite de despesas nos próximos anos. A proposta é uma das prioridades do
governo federal.
De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o governo
Temer não aceitará mudanças na proposta de emenda à Constituição. “O ministro
Henrique Meirelles (Fazenda) é o capitão do nosso time e diz que teto é teto.
Não há claraboia, não vai haver exceção. Ou aprovamos o teto ou se avizinha o
descontrole das contas públicas”, declarou Padilha em palestra na
BM&FBovespa, ontem.
O chefe da Casa Civil reiterou que as aprovações nas duas casas
legislativas da PEC acontecerão ainda em 2016, para entrar em vigor na virada
do ano. Mesmo otimismo demonstra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo
Maia.
“Nossa expectativa é que possamos começar a votá-la em novembro e na
terceira semana do mês ela esteja aprovada na Casa”, declarou o democrata
durante palestra na Associação Comercial de São Paulo.
Sem cortes
Defensor do ajuste fiscal e da aprovação de reformas nas contas da União
e na Previdência, o chefe da equipe econômica de Temer, o ministro da Fazenda
Henrique Meirelles, explicou que o controle dos gastos públicos não
representará cortes em investimentos em saúde e educação. Ele lembrou que o
governo propõe a PEC para zerar o crescimento real das despesas por até 20
anos.
Atualmente, há uma vinculação desses gastos à receita líquida da União
e, com a proposta de emenda, eles serão corrigidos pela inflação do ano
anterior.
“De 2008 a 2015, as despesas cresceram mais de 50% acima da inflação”,
apontou o ministro, que participou ontem de seminário na Federação das
Indústrias de São Paulo. “De 2007 a 2015, despesas primárias cresceram 56% e o
PIB cresceu 18%”, reforçou.
Ligação
Ligação
Para Rodrigo Maia, a limitação do teto de gastos vai gerar a
obrigatoriedade da Reforma da Previdência. “É importante para começar a
organizar os gastos públicos no Brasil”, destacou.
As votações das reformas da Previdência e trabalhista, no entanto, não
devem terminar este ano na Câmara. “É melhor não gerar expectativa. Se tivermos
a vitória do teto e encerrar, na Previdência, com a comissão dentro dos prazos,
teremos avançado de forma objetiva”, acrescentou.
Eliseu Padilha prevê que a aprovação definitiva da emenda constitucional
será decisiva para a atração de investimentos. “Fixado o teto, vamos ter uma
chuva deles”, afirmou. “Há muita liquidez no mundo. Temos que construir o
ambiente propício”, completou.
Apesar de difíceis e polêmicas, as propostas precisam ser apresentadas
de forma “muito didática” para ganhar apoio de deputados e senadores, afirmou
Rodrigo Maia.
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