Vale a pena fingir orgasmo?
Simone Demolinari
Ao contrário dos que muitos pensam, a velha história de fingir orgasmo
não é um comportamento só das mulheres. Homens também fingem tê-lo. Certamente
numa proporção menor ou com menos teatralidade. Contudo, quando se encontram
diante da impossibilidade de atingir o clímax, muitos optam por dissimulá-lo.
Numa breve pesquisa para escrever este artigo, perguntei para homens e
mulheres se alguma vez eles já fingiram orgasmo. Se sim, por quê? Dos
entrevistados homens, 61% disseram que sim. E os motivos foram: para não serem
questionados quanto a virilidade e por vergonha. Entre as mulheres o resultado
foi mais alto, 89% delas já fingiram; contudo, a motivação foi diferente: para
que o parceiro seja o protagonista da relação, para não ser percebida como
“ruim de cama” ou para terminar mais rápido.
O curioso é que, para essas mesmas pessoas, o problema desaparece quando
se pratica a masturbação. O que deixa claro que o problema surge na presença do
outro.
Tanto para homens quanto para mulheres, fica claro uma forte preocupação com a imagem. Querer ser “bom de cama” acaba fazendo com que muitos levem à risca o ditado “entre quatro paredes vale tudo” – inclusive a farsa.
Tanto para homens quanto para mulheres, fica claro uma forte preocupação com a imagem. Querer ser “bom de cama” acaba fazendo com que muitos levem à risca o ditado “entre quatro paredes vale tudo” – inclusive a farsa.
Sandro, um rapaz de 30 anos, terminou seu relacionamento de 3 anos
quando ouviu, por acaso, a namorada contar para amiga como fazia para enganá-lo
na cama. Segundo ele, a decepção foi grande sobretudo pela falta de confiança.
O fato dela preferir fingir à compartilhar a situação com ele, o desapontou.
A questão é que, muitas vezes, a omissão deriva da insegurança de como o
parceiro ou a parceira irá receber a informação. Nem sempre existe um
acolhimento, uma compreensão. O que muitas vezes ocorre é uma crítica ou uma
cobrança. Isso certamente inibe o outro de se expôr, uma vez que ele já está se
sentindo em desvantagem.
Há uma convenção social, herdada da indústria da pornografia, que avalia
a competência sexual de uma pessoa de acordo com a sua performance. Classificam
como “bom” quem faz uma verdadeira ginástica na cama e “ruim” quem é menos
performático. Isso faz com que muitos finjam sentir prazer, até quando sentem
dor.
Mesmo nos dias atuais, com tantas conquistas no campo da liberdade
sexual, não é difícil de se saber de pessoas que nunca tiveram orgasmos e não
se importam com isso. Passam a vida inteira fingindo desfrutar de uma sensação
que não sentem.
Muitos justificam que fingir é a solução para manter a harmonia da
relação. Outros afirmam que preferem a farsa a ter que solucionar o problema ou
mostrar essa fragilidade para o outro.
Independentemente da motivação ou escolha pessoal de cada um, vale a
pena a reflexão sobre o assunto. Afinal de contas, não deixa de ser triste
constatar que até mesmo no campo sexual, muitos se preocupam mais com a
aparência do que com o prazer.
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