quinta-feira, 15 de setembro de 2016

INDICIAMENTO É O INÍCIO DO FIM



Indiciamento não é o fim

Editorial Jornal Hoje em Dia 



A investigação do Ministério Público Federal dentro da operação ‘Lava Jato’ chegou ontem ao seu ponto máximo: o indiciamento do ex-presidente Lula, da mulher dele, Marisa Letícia, e de mais seis pessoas por envolvimento em esquema de corrupção. O petista foi considerado como o “comandante máximo” do sistema envolvendo empreiteiras e estatais.
A primeira coisa que deve-se esclarecer é que indiciamento não é confirmação de culpa. Na peça enviada à Justiça, o Ministério Público expõe seus argumentos que, para o órgão, justificam a abertura de um processo contra as pessoas apontadas para verificar se os fatos apresentados são ou não motivo de condenação. Cabe a um juiz decidir se há fundamento ou não no pedido.
O envolvimento mais direto de Lula nas ações que apuram o esquema de corrupção era bem provável. Até agora, em mais de dois anos de investigação, a lista de envolvidos, presos e ouvidos cada vez mais se aproximava do círculo mais íntimo de relacionamento do presidente. O MPF foi “cercando” o petista até reunir provas que julgava suficientes.
O certo é que Lula terá que se explicar melhor, e talvez uma ação na Justiça seja uma boa chance disso. A tese do “eu não sabia” não deverá colar, principalmente porque esse esquema se deu após o mensalão, em 2005. É pouco provável que, após um escândalo igual ao da década passada, Lula não tenha ficado mais esperto com as pessoas que lhe cercavam no governo, a ponto de um esquema maior ser implementado e funcionar bem debaixo do seu nariz. Haja ingenuidade.
Mas o ex-presidente não deve se dar por vencido e deverá confrontar com veemência os argumentos do MPF. Convenhamos, R$ 3,7 milhões e um apartamento no Guarujá de propina não são números condizentes com o maior chefe de um esquema bilionário de corrupção. Além disso, se os procuradores não conseguirem a condenação de Lula ele deverá se fortalecer para disputar a eleição de 2018.
Não vamos nos esquecer que o recém cassado Eduardo Cunha está mordido e promete entregar mais gente, inclusive do próprio governo atual. O indiciamento de Lula é o ponto máximo da investigação até agora, mas está longe de ser o fim da história. 


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