quinta-feira, 29 de setembro de 2016

ADEUS MUNDO CRUEL



Uma abordagem sobre o suicídio

Simone Demolinari 




"Setembro Amarelo" é uma importante campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Vem com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, buscando também alertar suas formas de prevenção.
O amarelo aparece como a cor de alerta. Precisamos ficar atentos pois, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 9 em cada 10 suicídios poderiam ter sido evitados. Dai a importância de trazer à tona um assunto tão difícil de ser abordado.
Segundo Andrew Salon, na sua obra o "Demônio do Meio Dia", os suicidas se dividem em quatro grupos:
1- São aqueles que cometem suicídio sem pensar no que estão fazendo. São impulsivos, imediatistas e as mais propensos a serem levados ao suicídio por um evento externo específico; seus suicídios tendem a ser repentinos, fruto da sua impulsividade.
2- São os que cometem suicídio como uma espécie de vingança. Um misto de controle e ambição. O pensamento é: "se eu não tenho ninguém vai ter" - matam e se matam. Ou: "vou morrer e você viverá com remorso".
3- Este grupo comete suicídio por uma lógica falha, em que a morte parece ser a única solução. Um colapso pontual onde acredita que nunca vai passar.  Estes são os que planejam seus suicídios, escrevem cartas e lidam com os aspectos pragmáticos como se organizassem uma viagem. Geralmente acreditam não somente que a morte vai melhorar sua condição, como também que ela pode tirar um fardo das pessoas que os amam (a realidade geralmente é o contrário disso).
4- O último grupo comete suicídio com uma lógica racional. Devido a uma doença física, instabilidade mental, condição financeira desfavorável ou outras mudança nas circunstâncias de vida. Acreditam que o prazer que elas podem vir a sentir não é suficiente para compensar a dor de viver.
Há estudos que comprovam a influência do fator genético na ideação de auto extermínio. Pessoas cujo pais suicidaram têm maiores chances de fazer o mesmo. Além disso, há um forte impacto emocional: um suicídio na família torna o impensável pensável.
Não podemos negar a influência do elemento social. Isso fica claro na reincidência dos locais escolhidos para o ato ou quando há um suicídio de celebridades. É sabido que quando Marilyn Monroe se matou a taxa de suicídio nos EUA aumentou 12% no período.
Segundo as estatísticas, as pessoas cometem mais suicídios às segundas-feiras entre o final da manhã e o meio-dia e a estação preferida é a Primavera.
Ao contrário do mito popular "quem quer faz", estudos revelam que aqueles que prenunciam são os de maior vulnerabilidade. Aliás, um bom indicativo é a própria tentativa.
Por mais que seja difícil entender o que se passa no canto obscuro da mente humana, precisamos ficar atentos a algumas condutas, tais como:
- Idéias de suicídio abertamente faladas
- Desesperança
- Isolamento social
- Pessimismo acentuado
- Sentimento de culpa - sentir que é um fardo para a família
- Frases como: "não vou atrapalhar por muito tempo"; "não queria ter nascido"; "queria tanto morrer"; "vejo a morte como alívio"; "não aguento tanta dor"
- Melhoras súbitas. Familiares de pessoas que se mataram relatam uma aparente melhora nos últimos dias - nesse caso, a melhora indica que o fato dele ter tomado a decisão de morrer, traz uma estranha sensação de alegria
Não devemos trazer para nós a responsabilidade de sermos "radar" da vida do outro, mas se desenvolvermos um olhar mais acolhedor e menos crítico, conseguiremos não só salvar vidas, como também sair do estreito do nosso egoísmo e nos tornarmos pessoas melhores.


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