quinta-feira, 11 de agosto de 2016

POBRE DEMOCRACIA BRASILEIRA



Eis nossa democracia

Manoel Hygino 



No primeiro dia (e noite) de votação pelo Senado pela continuação, ou não, do processo de impeachment da presidente afastada, pôde-se formar ideia da posição dos oradores, além da pequena competência de alguns até na leitura de textos que lhes haviam redigido.
O jurista Adilson Abreu Dallari, em artigo em outra ocasião, sob o título “Democracia à Brasileira”, fora claro e peremptório. Faz a afirmações objetivas: “Não obstante as diferenças ideológicas ou partidárias, o Brasil está em uma profunda crise econômica e política... Os tempos mudaram, mas o déficit democrático permanece”.
Adiante: “Louve-se, ao máximo, a Constituição Federal em vigor, mas é preciso lembrar que ela teve origem espúria. O preâmbulo da Constituição começa com uma falsidade, pois não houve eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte”.
O Congresso Constituinte “foi composto com base em “negociação política, mediante eleições realizadas com observância das regras impostas pela ditadura, sabidamente destinadas a falsear a representatividade”.
Em seguida: “Não é de se estranhar que tais representantes do povo estivessem mais preocupados em preservar suas posições e interesses, do que implantar uma verdadeira democracia. O fato é que o sistema político, eleitoral e partidário, que nasceu ruim, só foi piorando ao longo do tempo. Apontam-se como “conquistas” o voto dos analfabetos e dos menores e a liberdade de organização partidária. Será que tais coisas fortalecem a democracia?”.
Para Dallari, “o voto dos analfabetos tem remédio: (basta) acabar com o analfabetismo”. Quanto ao problema dos menores, os efeitos podem ser minorados pela restauração do ensino aos jovens de educação moral e cívica, indispensável ao sadio exercício da cidadania. Na atual ordem judiciária, menores – entre 16 e 18 anos – não saberiam discernir o que é, e o que não é crime, mas “estão habilitados para a dificílima tarefa de escolher as pessoas que vão decidir sobre os destinos do país. É visível o atentado à lógica e ao simples bom senso”.
Leiamos, juntos, o trecho seguinte: “A desmedida pluralidade dos partidos ultrapassa os limites da liberdade adentra o campo da libertinagem. A hipocrisia campeia. A quase totalidade das siglas nada representa, mas serve para negócios espúrios no tocante ao fundo partidário e ao tempo de propaganda eleitoral”.
Reingressemos no quadro atual: “A elaboração e a execução do Orçamento sob regência de lei de 1964. “O resultado disso é que o Orçamento no Brasil é uma obra de ficção, tanto em sua elaboração, quanto, principalmente na sua execução, pois a preocupação dominante é com a obtenção de dividendos eleitorais (e, às vezes, financeiros, ilícitos).
Consequência:... “a utilização de recursos públicos para proveito pessoal, ou seja, a corrupção, é algo entranhado na administração pública, não obstante as mutações dos sistemas de governo”.

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