sexta-feira, 29 de julho de 2016

SAÚDE PÚBLICA UM FRACASSO NO BRASIL



Saúde, a hora da verdade

Manoel Hygino 



Jornalistas têm de escrever sobre tudo. São uma espécie de especialistas em clínica geral, que recebem o cliente conscientes de ter um segredo a desvendar, antes de definir o diagnóstico. O ser humano é complexo. Cada homem é um.
Começo o texto ainda em dúvida: Olimpíadas, impeachment, o bárbaro atentado em Nice, o frustrado golpe de Estado na Turquia, o desligamento do Reino Unido da União Europeia, as ações do Estado Islâmico no Oriente Médio ou na Europa, a aproximação Estados Unidos–Cuba, as experiências balísticas da Coreia do Norte, os sucessivos incidentes no Paquistão e em Bangladesh, os embates raciais nos Estados Unidos – em Baton Rouge e Dallas, o assassinato de um idoso sacerdote na Normandia, dentre tantos outros.
Enfim, há um universo que desperta atenção e inúmeros textos. Sem citar a sucessão de acidentes nas estradas brasileiras, a onda de assassinatos e, ainda, a incessante proliferação das drogas, que ocupa fartamente os espaços nos meios de comunicação.
Os noticiários contêm frequentes e tristes informações sobre o sistema nacional de saúde, assunto permanente na mídia. A tragédia atinge também Belo Horizonte. Anunciou-se que a prefeitura cortaria de 10 a 30% do número de cirurgias eletivas da rede SUS na capital, o que afetaria – ou afetará – mais de 26 mil pessoas na espera de procedimentos cirúrgicos na capital. É preciso entender o vocábulo eletivo. Eletivos são as cirurgias não consideradas urgentes, como de varizes, vesícula, oftalmológicas – algumas, é claro, e plásticas reconstrutoras.
A mais expressiva redução nas cirurgias em Belo Horizonte seria com a Santa Casa, hospital filantrópico com maior número de leitos destinados ao SUS e maior número de leitos de CTI no Estado. Com a decisão do município, a instituição, pioneira na área de saúde da capital, sofrerá queda anual de quase 600 cirurgias, acima do Hospital das Clínicas da UFMG, pois. A prefeitura afirma que a redução se deve ao fato de o Ministério da Saúde ter deixado de repassar R$ 24 milhões ao município desde 2014. Posteriormente se corrigiu: não houve falta de verba do ministério, mas o fim da pactuação com a Secretaria de Estado de Saúde. Enfim, dá no mesmo, porque faltam meios para a assistência reclamada.
O superintendente-geral da Santa Casa, Porfírio Andrade, declarou que o hospital tem estrutura para realizar o dobro das cirurgias atualmente oferecidas à população. Preparou-se para maior número de procedimentos, não viabilizados, contudo, pela falta de recursos públicos, já que 100% dos procedimentos ali são pelo SUS. Vai além o superintendente: “Nós nos organizamos a partir de uma demanda do governo que parecia ser uma demanda organizada, preparamos leitos, treinamos pessoal, equipes médicas. Preparamos pós-operatório para receber os pacientes e agora se propõe uma redução no teto, estabelecendo limites para estas cirurgias. Ou seja, a estrutura que nós montamos fica ociosa, fica maior, gera custo, ela vai nos obrigar a fechamento de leitos, demissão de funcionários e readequação para a nova realidade”.
Ora, estamos tratando de saúde, de vidas. Saúde é direito de todos e dever do Estado, como determina a Constituição. Está-se deixando à míngua cidadãos, que mantêm a máquina administrativa, com seu tributo, com seu suor, com seu sacrifício, enfim.

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