sexta-feira, 17 de junho de 2016

PRINCIPAL PARTICIPANTE DO MENSALÃO QUER FAZER DELAÇÃO PREMIADA

Marcos Valério negocia delação premiada com Justiça mineira

Tatiana Lagôa 



Marcos Valério está cumprindo pena no presídio da Papuda, em Brasília

O empresário mineiro Marcos Valério voltou a negociar delação premiada junto à Justiça para tentar amenizar a pena de 37 anos de prisão que cumpre por participação no esquema conhecido como “mensalão”. Ontem, advogados dele protocolaram o pedido na 17ª Promotoria de Patrimônio Público da Comarca de Belo Horizonte.
A possibilidade de os promotores ouvirem o empresário ainda será analisada, mas o advogado dele, Jean Robert Kobayashy Júnior, está bastante confiante. “Marcos Valério tem informações importantes para passar”, afirma. Segundo Júnior, a delação envolveria políticos de vários partidos que atuam em âmbito nacional e regional.
As denúncias podem auxiliar a comprovar uma série de atitudes ilícitas em investigação no chamado mensalão mineiro. A suposta maquiagem das contas do Banco Rural e o sumiço de documentos da CPI dos Correios também devem entrar nessa delação, segundo fontes ligadas ao processo ouvidas pela reportagem.

Lava-Jato

Está em curso ainda outro pedido, em âmbito federal, para delação que traria informações para a Operação "Lava-Jato". A resposta neste caso, cabe aos procuradores da operação, em Curitiba.
No passado, Marcos Valério teve um pedido de delação premiada negada pelo ex-procurador geral da República, Antônio Fernando de Souza, autor da denúncia do “mensalão”. “A situação agora é diferente, porque depois que não aceitaram ouvi-lo, várias delações apontaram exatamente o que ele iria dizer”, diz o advogado.
Valério está detido no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O empresário tenta transferência para a Apac, em Santa Luzia, na RMBH. Ele está preso, desde novembro de 2013, após condenação por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Sem credibilidade, Valério quer delatar mensalão tucano
Orion Teixeira 

Conforme antecipei aqui na última quarta-feira (15), sobre delação premiada no caso do mensalão tucano mineiro, o ex-empresário e ex-publicitário Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão por conta de outro mensalão, o do PT, formalizou, ontem, a intenção de colaboração em troca de benefício penal na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte.
Ocorrido há 18 anos, o esquema pretendia favorecer a reeleição do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, quando acabou sendo derrotado pelo ex-governador Itamar Franco (então no PMDB). A divulgação da delação assustou as hostes tucanas e agregados em um primeiro momento, mas pode recair naquela máxima shakespeareana de “muito barulho por nada”. A questão é que falta ao ex-empresário e ex-publicitário duas coisas para que ele possa falar e contar o que sabe: credibilidade e conteúdo. Precisou, agora, até de trocar de advogado.
Quando foi preso, em São Paulo, pelo envolvimento em fraude tributária, antes da condenação no mensalão do PT, o ex-empresário denunciou que havia sido achacado pela organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e que havia sido até torturado por seus membros. Chegou a exibir cicatriz de lipoaspiração que fez como se fosse de agressão. No auge do mensalão, cobrou, segundo o delator Delcídio Amaral (ex-senador petista), R$ 200 mil para não contar o que sabia sobre o envolvimento do ex-presidente Lula no esquema. Não falou nada nem recebeu dinheiro, até porque, até onde se sabe, sua família passa por dificuldades.
Resta, agora, aos promotores da Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte, onde suas intenções foram protocoladas, acreditarem para ele tentar o que persegue há mais de um ano, ser transferido da Penitenciária Nelson Hungria (Contagem, na Grande BH), presídio tradicional, para a unidade Apac (Associação e Proteção e Assistência a Condenados), espécie de presídio alternativo, em Nova Lima ou Santa Luzia (na Grande BH).


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