quarta-feira, 15 de junho de 2016

O MUNDO HOJE É DIGITAL - NOVA POLÍTICA ECONÔMICA



A economia precisa de um tranco

José Antônio Bicalho 




Ok, a inflação continua alta, mas manter os juros na estratosfera não ajudará em absolutamente nada. Num país em que a economia já encolheu 8% em pouco mais de dois anos, não faz sentido falar em inflação de demanda.
A tendência clara dos preços já é de desaceleração e a maior pressão atual vem daqueles administrados. Sobre os empresários que ainda encontram espaço para reajustar preços como forma de compensar a queda na demanda, nenhuma ação da equipe econômica surtirá efeito.
Posto isso, o foco da dupla Meirelles (Fazenda) e Goldfajn (BC) deveria se voltar para o crescimento e a recuperação do otimismo e do ânimo dos empresários para investir. Mas, não. A economia continua comandada por obcecados em inflação, juros e déficit.
O processo de estagflação, fenômeno marcado pelo encolhimento da economia combinado com inflação alta, não será vencido pelo uso das tradicionais ferramentas de política monetária, mas com a geração de perspectivas positivas. Como fazer isso? Com um “tranco” que faça o motor da economia voltar a funcionar.

Uma redução drástica dos juros e uma forte desvalorização cambial, combinadas com uma bela injeção de liquidez na economia via bancos públicos, seriam esse “tranco”. Já o “acelerador” seria um programa bem estruturado de concessões, com financiamento público de obras, e linhas especiais de crédito para exportação.
Mas é no sentido oposto que caminhamos. Nesse momento de forte pressão de valorização do real, o novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, fala em câmbio flutuante. Diante dos pedidos dos exportadores para a reedição do Reintegra (o regime especial de compensação de impostos sobre produtos exportados), Meirelles cogita aumentar impostos.
Todas as torneiras de crédito estão fechadas, tanto para o consumo quanto para investimentos. E no pacote de concessões que vem sendo preparado pelo Ministério dos Transportes (uma reedição do que já havia sido anunciado no governo Dilma), adiantado ontem pelo jornal Valor Econômico, nada se fala sobre financiamento.
Mercado
O comportamento dos papéis na bolsa, ontem, reflete a atual falta de perspectiva. Entre as cinco maiores quedas de ontem, três foram de empresas de mineração e siderúrgicas. Como estas empresas já perderam uma enormidade de valor de mercado nos dois anos de crise, qualquer sinalização de que o governo às apoiará para enfrentar a depressão global dos preços das commodities redundará em forte valorização das ações. Mas isso não acontece porque o governo não move uma pena para estabilizar o câmbio em patamar competitivo, tirar os impostos dos importados ou abrir crédito para exportação.
Ontem, Vale caiu novos 4,8%, CSN baixou 4,7%, e Usiminas perdeu 4,5%. Não existe mágica. Sem estímulo, a economia não voltará a andar, ainda mais num país tão dependente dos gastos, investimentos e financiamentos do governo como o Brasil.

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