O tamanho do buraco
Editorial Jornal Hoje em Dia
O Brasil se firma como mau pagador. Se o déficit previsto na Lei
Orçamentária Anual de 2016 já era assustador, de R$ 60,2 bilhões, maior ainda é
a nova realidade percebida pelo governo federal. O Ministério da Fazenda fez
uma revisão do cálculo e pede ao Congresso Nacional autorização para fechar o
ano com número negativo de R$ 96,6 bilhões.
Não se trata apenas de um número astronômico. Ele revela também que o
governo não parece levar a sério o planejamento de contas. Contou com a
arrecadação da CPMF que não foi aprovada e nem será neste ano. Evidentemente
seria possível, num cenário com mais controle político, que a presidente Dilma
Rousseff conseguisse fazer virar realidade essa fonte de recursos. Mas qualquer
analista político, dentro ou fora do governo, duvidaria dessa possibilidade. Em
ano eleitoral a criação de imposto é uma das medidas mais impopulares que se
pode tomar. Aprovar esse tipo de matéria num país mergulhado em crise como está
o Brasil poderia significar adeus a muitos votos. Mesmo não sendo candidatos
nas eleições municipais, deputados e senadores trabalham para seus aliados nas
bases eleitorais e querem ficar bem com o eleitor.
Caso fosse aprovado, o ajuste fiscal renderia aos cofres da
administração federal um montante de
R$ 64 bilhões
R$ 64 bilhões
Falta tanto ao governo quanto aos parlamentares a coragem de taxação das
grandes fortunas, este sim, um imposto aceito pela grande maioria da população.
Mas a reforma tributária, discutida há anos no Congresso Nacional, não evolui.
O aumento do déficit também leva a tomada de empréstimos e corte de
gastos em investimentos, gerando um ciclo negativo, alerta especialista ouvido
pelo Hoje em Dia em matéria nesta edição.
O pior resultado da história das contas públicas do Brasil será o
carimbo num ano que não deixará saudades. Piores índices de desemprego, de
fechamento de empresas, de queda de rendimento das grandes companhias, de
desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e outros índices contribuirão para o
estigma deste ano.
Caso fosse aprovado, o ajuste fiscal, tão defendido pela equipe
econômica da presidente Dilma, renderia aos cofres da administração federal um
montante de R$ 64 bilhões.
A frustração de receita admitida pelo Ministério da Fazenda certamente
culminará com novos rebaixamentos da nota do Brasil por agências de
classificação de risco internacionais. Ou seja, nada é tão ruim que não possa
piorar, e a economia do país sofrerá ainda maus momentos até a reversão do
quadro, prevista para 2018.
Por outro lado, o entrevistado do Página Dois, novo diretor-executivo da
Fundação Dom Cabral, Antônio Batista da Silva Júnior, afirma que o momento é
para as empresas investirem. Só daí virá solução para a crise. Aquelas que
tiverem a ousadia de, ignorando os números negativos, alavancarem seus
projetos, contribuirão, em muito, para que o Brasil saia do buraco.
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