Os juízes do impeachment
Editorial Jornal Hoje em Dia
Se deputados que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff
são alvo de investigação por corrupção, senadores não ficam atrás. Dos 21 que
vão avaliar, em comissão, o processo admitido na Câmara dos Deputados, dez são
investigados. E não se trata de simples especulações, de suspeitas com
possibilidade de não terem fundamento. Só um deles, o senador Dario Berger
(PMDB-SC), responde a 26 processos.
Evidentemente, senadores da comissão do impeachment apoiadores do
governo do PT também estão envolvidos em esquemas de corrupção e respondem a
inquéritos. É o caso de Lindbergh Faria (PT-RJ) – investigado em 21 casos de
corrupção e lavagem de dinheiro dentro da Operação “Lava Jato” – e de Gleisi
Hoffmann (PT-PR). O levantamento feito pelas repórteres Alessandra Mendes e
Tatiana Moraes mostra que os juízes do processo estão longe de ter a isenção
necessária a um julgamento digno. Este é o retrato do Brasil atual. São muito
poucos os que escapam dos olhos da lei.
Mas não são apenas os esquemas de abuso do poder político e econômico a
colocarem em dúvida a legitimidade do julgamento de Dilma Rousseff. Estamos
diante também de manobras políticas que visam o bem de partidos em detrimento
dos interesses do país. Nem sempre valem os argumentos jurídicos para
questionar o mandato da presidente.
Com isso, Dilma já considera a possibilidade de defender novas eleições,
em razão da perda de força política e, consequentemente, o risco de
ingovernabilidade. Mesmo se ela passar pelo crivo dos senadores e conseguir se
manter no cargo, não terá condições de chegar ao final do mandato.
Dilma já considera a possibilidade de defender novas eleições, em razão
da perda de força política e, consequentemente,
do risco de ingovernabilidade – mesmo não sendo aprovado o impeachment
do risco de ingovernabilidade – mesmo não sendo aprovado o impeachment
Claro que não se pode tomar ao pé da letra a fala do ex-presidente Lula
de que há no Congresso uma quadrilha cuja agenda é implantar o caos no país. No
entanto, não estamos tão longe desse quadro.
Os percalços da gestão eleita em 2014 colocam o país na zona de
insegurança. As constantes trocas de ministros deixam áreas importantes da
gestão pública bastante vulneráveis. Se os brasileiros não conseguem saber quem
são os ministros hoje e quem assumirá os cargos em pouco mais de 15 dias – caso
a comissão do Senado aceite o processo de impeachment e Michel Temer assuma a
Presidência – como podem confiar na administração do país?

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