Após 13 horas, termina
sessão sobre parecer de impeachment de Dilma
Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo
Horizonte
Deputados
manifestação sobre voto por meio de cartazes
Após mais de 13 horas de sessão, a Comissão Especial do Impeachment na
Câmara dos Deputados encerrou às 4h42 deste sábado (9) a primeira fase da
discussão do parecer favorável ao impedimento da presidente Dilma Rousseff.
Ao todo, discursaram 61 dos 116 deputados que haviam se inscrito para
falar. Entre eles, 39 se posicionaram a favor e 21 contra o impeachment. Houve
ainda um indeciso: o deputado Bebeto (PSB-BA).
Entre as principais legendas que compõem a comissão, o Partido da
República (PR) foi o único em que nenhum representante discursou. Assim como PP
e PSD, o PR tem negociado com o Palácio do Planalto mais espaço no governo em
troca de apoio da bancada contra o impeachment. Tanto no PP quanto no PSD,
apenas dois deputados discursam na sessão, todos a favor do afastamento da
presidente Dilma Rousseff.
A sessão começou por volta das 15h30 dessa sexta-feira (8), mas os
discursos de fato só iniciaram cerca de uma hora depois. Governistas e
oposicionistas se alternaram em suas falas contra e a favor do impeachment.
Governo e oposição acabaram deixando em segundo plano o teor do parecer do
relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao impeachment, e focaram
seus discursos nas críticas um ao outro.
Governistas ressaltaram que partidos da oposição também são acusados de
corrupção e acusaram opositores de não aceitar perder as últimas eleições e
querem tirar Dilma por meio de um "golpe". Focaram ainda na
estratégia de lembrar que a linha de sucessão presidencial é integrada por
membros investigados por corrupção, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), segundo na linha de sucessão.
Já a oposição centrou suas críticas em outras acusações e suspeitas
contra o governo Dilma, algumas alheias ao parecer de Arantes, bem como contra
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao PT. Opositores apostaram também
na estratégia de dizer que aqueles que votarem contra o impeachment estarão
concordando com os crimes de responsabilidade a que a petista é acusada na
representação.
Tumultos
Durante toda a sessão, houve princípio de tumulto em apenas dois
momentos. O primeiro foi quando, seguindo a linha adotada por governistas, o
deputado Pepe Vargas (PT-RS) afirmou que PSDB e DEM são os partidos com maior
número de políticos cassados no País. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), e
o deputado Mendonça Filho (PE) reagiram com gritos de "mentira".
O segundo bate-boca mais acalorado aconteceu durante o discurso do
deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), vice-líder do governo na Câmara. O
parlamentar ironizou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) pelo fato de ele
ser pastor evangélico e chamou o deputado Danilo Forte (PSB-CE) de
"merda", "corrupto" e "imbecil", o que gerou a
reação imediata de parlamentares pró-impeachment.
Cansaço
O cansaço era visível nos rostos de deputados, assessores e jornalistas
que participavam da sessão da comissão. Para amenizar a situação, o deputado
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) distribuiu energéticos para funcionários que
estavam trabalhando, que se somou ao cafezinho servido pela Câmara. O
presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), também mandou fazer
sanduíches de pão francês e queijo para distribuir.
Do lado de fora do plenário, manifestantes contrários ao impeachment distribuíam pão com mortadela. Diante da polarização política no país, convencionou-se relacionar mortadela aos apoiadores do governo e coxinha aos defensores do impeachment. Os sanduíches foram oferecidos tanto aos parlamentares governistas, que levaram o lanche para o plenário, quanto para os oposicionistas.
Para tentar evitar que o plenário não ficasse esvaziado durante a
sessão, os parlamentares se revezavam, principalmente os da oposição. Por volta
das 2 horas deste sábado, houve um momento em que havia somente um parlamentar
governista, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Alguns deputados só chegaram na
hora de falar e deixavam após o discurso, indo para casa ou reunir-se em
restaurantes com colegas.
Fogo amigo
Durante os discursos, o governo recebeu críticas até de deputados
aliados do Palácio do Planalto. Embora tenha dito ter convicção de que a
presidente Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade que justifique
seu afastamento, o líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ),
fez uma dura crítica à petista durante seu discurso, feito já na madrugada
deste sábado.
Picciani afirmou que o Brasil chegou a atual situação, "porque quem
ganhou a eleição não teve a humildade de reconhecer que ganhou uma eleição
dividida e chamar o País a uma reconciliação e quem perdeu não teve a
resignação de aceitar o resultado e pensar no País; preferiu contestar e pensar
apenas na sua ambição política". "Essa página, sim, seja qual for o
resultado, tem que ser virada", disse.
Votação
A discussão do parecer será retomada na segunda-feira (11). Nessa fase,
somente os líderes partidários poderão falar. A previsão é de que a votação
aconteça no mesmo dia. Se aprovado, o parecer será publicado no Diário Oficial
da Câmara. Após 48 horas da publicação, o presidente da Casa poderá levá-lo
para votação em plenário.

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