domingo, 6 de março de 2016

DIAS DE CÃO


Orion Teixeira


Foi uma semana terrível, não tinha como ser pior, para a presidente Dilma Rousseff (PT), seu governo, partido e ao ex-presidente Lula. Como contrapeso, a derrota do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que, por balaiada, virou o primeiro réu por envolvimento na Operação “Lava Jato” no Supremo Tribunal Federal. O fato perdeu, no entanto, audiência diante da delação (não homologada), na quinta (3), e investigações que chegaram perto demais do centro do poder e do principal líder do PT, o ex-presidente Lula, que, na sexta (4), foi obrigado (condução coercitiva) a depor na Polícia Federal.
É assustador ver policiais federais vasculhando imóveis que teriam vinculação com o ex-presidente e remexendo gavetas em busca de alguma prova. Também é impressionante saber dos altos volumes de dinheiro que circularam de empresas investigadas no esquema da Petrobras para o Instituto Lula e dele para seus filhos, além dos mimos e favores dessas empreiteiras que expõem o ex-presidente. Pode-se duvidar de objetivos políticos da Operação “Lava Jato”, mas não dá para desconhecer que as investigações não são feitas só por um juiz ou um procurador. Envolvem órgãos públicos, como a Polícia Federal e a Receita Federal, comandados pelo governo petista.
Em outro campo da investigação, via delações premiadas, as denúncias não vieram desta vez de um doleiro, mas de um senador do PT e ex-líder do Governo, Delcídio do Amaral, ainda que esteja magoado ou ferido por ter sido preso em flagrantes delitos. Influenciado, provavelmente, pelo sentimento de vingança, o ex-líder de Dilma resolveu colocar a boca no mundo, mas de nada valerá se não puder provar o que denunciou, condição para que receba algum prêmio (redução de pena) que negocia. Indignados ou inconformados, Dilma e Lula devem preparar suas defesas de maneira técnica e sustentável e rever a estratégia política contra o pior.
Esses posicionamentos serão também fundamentais para que o governo mantenha e consolide a maioria parlamentar no Congresso Nacional, porque os fatos recentes alimentarão o até então moribundo pedido de impeachment da presidente. Sem virar essa página (impeachment), o governo continuará sem conseguir governar o país e a crise que desarrumou a economia.

Governo versus o mercado
Como se viu, na mesma quinta e sexta-feiras, quanto mais as denúncias resvalam no governo, o mercado fica excitado e seus indicadores reagem, com viés de alta na Bolsa de Valores (subiu mais de 5%) e queda acentuada (2%) do dólar. O divórcio entre o governo e o mercado é um dos maiores entraves à retomada do crescimento. Por não confiarem na presidente, os investidores não investem.

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