Nippon Steel: governo
brasileiro tem culpa por problemas na Usiminas
Presidente da empresa faz críticas em carta ao
governador de Minas
por João Sorima Neto
Instalações da Usiminas -
Divulgação
SÃO PAULO - Em carta enviada ao governador de Minas Gerais, Fernando
Pimentel (PT), o presidente da Nippon Steel & Sumitomo, Kosei Shindo, um
dos sócios majoritários da Usiminas, afirma que a crise vivida pela siderúrgica
não é apenas resultado do desentendimento entre seus sócios. Com fortes
críticas, Shindo diz que "ações governamentais, que muitas vezes se
mostram inadequadas do governo brasileiro, impactam grandemente a
Usiminas".
"Salientamos que a crise vivida pela Usiminas não é resultado
somente do desentendimento dos acionistas controladores. A confusão política
decorrente dos problemas de corrupção, o aumento dos preços e dos juros em
decorrência da falha no controle da inflação, o complicado sistema tributário,
a infraestrutura insuficiente e outros problemas de longa data em relação aos
quais não temos visto melhoras por parte do governo brasileiro", diz a
carta com data do último dia 8 de março.
Os japoneses afirmam ainda, na carta, que a excessiva proteção ao
trabalhador resulta em baixa competitividade e coloca todo o setor industrial
em um ambiente de negócios muito desfavorável. Depois de demitir dois mil
funcionários em Cubatão, após encerrar a produção de aço, a Usiminas colocou
mais 1.300 funcionários da laminação em licença remunerada.
Nesta sexta, o Conselho Administrativo da Usiminas se reúne para tentar
encontrar uma solução para capitalizar a empresa. Os japoneses da Nippon Steel
e os argentinos da Ternium, que há cerca de dois anos tornaram públicos seus
desentendimentos sobre a condução da companhia, apresentaram propostas separadas de aumento de capital da
companhia, com intenção de subscreverem ações até o limite de R$ 1
bilhão e R$ 500 milhões, respectivamente. A siderúrgica decidirá se aceita ou
não as propostas na reunião desta tarde.
Na carta, o presidente da Nippon Steel diz que seu objetivo é evitar a
falência da empresa, sendo essencial a ajuda dos bancos neste momentos. Mas,
neste momento, lembra ele, as instituições financeiras exigem um aumento de
capital como contrapartida para repactuação da dívida da Usiminas. A Nippon,
diz seu presidente, está disposta a capitalizar a empresa em até R$ 1 bilhão e
afirma que se compromete a colocar todo o capital sozinha para evitar um pedido
de recuperação judicial da siderúrgica.

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