Ricardo Galuppo
A incapacidade para solucionar os
problemas do Brasil — dos mais complexos aos mais banais — tem sido a marca do
governo Dilma Rousseff. Em qualquer assunto — aedes aegypti, infraestrutura ou
economia —, a impressão que ele passa sempre é a do despreparo, do amadorismo e
da falta de rumo. Essa é uma das faces mais evidentes do cenário político do
Brasil de hoje. A outra face, tão eloquente quanto a inexistência de propostas
factíveis por parte do governo, é a da falta de alternativas pelo lado da
oposição. Assim como o PT, o PSDB também não tem dito coisa com coisa e ninguém
é capaz de adivinhar o que o partido estaria fazendo hoje caso tivesse vencido
as eleições.
Confrontado com essa questão, no final
do ano passado, o senador Aécio Neves limitou-se a afirmar que suas propostas
haviam sido apresentadas e debatidas na campanha de 2014. De fato, foram. Mas
terá sido o bastante? Certamente, não. Afinal, os problemas do presente não
podem ser resolvidos com os olhos postos no passado. E o país inteiro está
ansioso para conhecer as medidas capazes de tirá-lo do atual estado de
calamidade. Ou será que não está?
“Governo Paralelo”
Nesse aspecto, o PSDB tem muito a
aprender com o PT. Depois de perder para Fernando Collor as eleições de 1989, Luiz
Inácio Lula da Silva montou em São Paulo um escritório ao qual chamou de
“Governo Paralelo”. Visto com desprezo pelos adversários, a experiência
originou debates que davam a impressão de que Lula estava atento a tudo o que
acontecia no país. Mesmo derrotado outras duas vezes por Fernando Henrique
Cardoso, Lula jamais deixou de ter respostas para tudo.
Nem sempre eram respostas certas.
Pode-se dizer que, no varejo, ele errou mais do que acertou. Suas posições
contrárias ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal, para citar dois
exemplos, foram ridículas. Tão ridículas quanto foi a postura de parlamentares
do PSDB que, ao longo do ano passado, se opuseram a algumas medidas fiscais do
governo com o mesmo entusiasmo com que as defenderiam caso seu partido tivesse
vencido nas urnas.
“Caravana da Cidadania”
Se Lula errou no varejo, no atacado
marcou um gol atrás do outro. Enquanto foi oposição, nunca ficou da defensiva.
E sempre passou a impressão de ter no bolso do colete a solução para os
problemas que Fernando Henrique não conseguia resolver. Num gesto que valeu
mais pelo marketing do que pelos efeitos práticos, atravessou o país em viagens
que tinham o nome pomposo de “Caravanas da Cidadania”. Com elas, visitou 359
cidades de 26 estados, sempre demonstrando preocupação com os brasileiros que,
segundo ele, nunca tinham merecido a atenção do governo.
O resultado de tudo isso foi a
consolidação de uma imagem que lhe assegurou (admitam ou não seus adversários)
capital político suficiente para se manter de pé mesmo quando sua ruína parece
iminente. A essa altura do campeonato, a oposição nada perderia se reunisse os
intelectuais que a apoiam para oferecer uma alternativa ao país e, independente
de quem será seu candidato em 2018, colocasse o pé na estrada para se mostrar
presente. E teria muito a ganhar se apontasse um caminho que, no final das
contas, restaurasse a esperança do povo.
Nesse aspecto, o PSDB tem muito a
aprender com o PT

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