Juros elevados do cartão
podem se tornar armadilha para consumidor
Raul Mariano - Hoje
em Dia
A expansão dos lucros dos bancos em meio ao quadro de recessão econômica
não tem sido suficiente para baratear o custo do crédito fornecido ao
consumidor. Em dezembro de 2015, os juros rotativos do cartão chegaram à casa
dos 431,4% ao ano, um recorde, de acordo com o Banco Central.
No ano passado, as compras com cartões movimentaram R$ 1,05 trilhão, um
crescimento de 9% em relação a 2014. Desse total, R$ 648 bilhões foram somente
operações de crédito, enquanto as compras feitas no débito registraram R$ 402
bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de
Crédito e Serviços (Abecs).
Para especialistas, não há razões definidas para uma prática de juros
tão elevados diante de resultados tão positivos para os bancos. Nem mesmo o
risco de calote dos tomadores de crédito seria justificativa, uma vez que, até
dezembro, o índice de inadim-plência para a mesma modalidade de crédito não
havia ultrapassado o nível de 40,3% ao ano.
A economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec),
Ione Amorim, explica que as taxas podem estar ligadas à forma como os bancos
disponibilizam os cartões para o mercado.
Ela destaca que, na maioria das vezes, não há filtros rigorosos de
crédito, o que leva as instituições financeiras a embutirem os riscos de não
pagamento na taxa de juros.
“Quase todo mundo já recebeu em casa cartões de crédito que não foram
solicitados, algo que hoje é tratado pela lei como uma abusividade. É uma forma
um tanto oportunista de fornecer crédito sem avaliar a capacidade de pagamento
do consumidor. Infelizmente, muitos recebem esses cartões e acham que estão
recebendo um benefício”, explica. Os riscos de descontrole financeiro podem se
tornar maiores quando o consumidor utiliza mais de um cartão. O principal
alerta é ser rigoroso com o pagamento das faturas e jamais efetuar o pagamento
mínimo.
“Essa parcela mínima não amortece nem os juros que são cobrados na
maioria dos casos. Então é como se você nem estivesse pagando parte da fatura.
Se analisarmos o cartão de crédito objetivamente, ele é um meio de pagamento
que é para facilitar a vida das pessoas. No entanto, a taxa de juros é a mais
elevada do mercado para pessoa física”, destaca Ione.
Alternativas
Alternativas
A dica de economistas para quem perdeu totalmente o controle nos gastos
com o cartão de crédito é buscar por juros menores. Há diversas linhas de
crédito mais acessíveis no mercado, conforme explica a coordenadora do setor de
pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e
Contábeis de Minas Gerais (Ipead), Thaize Martins Moreira.
“Os juros do cartão de crédito são compostos. É como se a dívida fosse
elevada três ou quatro vezes a cada ano. Por isso, mil reais hoje chegam a mais
de 10 mil em cerca de quatro anos. Dependendo do caso, vale a pena até mesmo
buscar empréstimos para quitar as dívidas do cartão, já que elas crescem numa
velocidade muito alta”, explica.

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