Orion Teixeira
Eram as férias e o recesso
parlamentar, agora, vem aí o Carnaval engrossando o coro das desculpas para o
reinício dos trabalhos, ou início de alguma coisa, de 2016 pelo menos. Nada
disso. A nau segue sem rumo com o país paralisado porque seus principais
mandatários – a presidente Dilma Rousseff (PT), seu vice, Michel Temer (PMDB),
o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (ambos do PMDB) –, estão fragilizados, engessados e sem a capacidade de
tomar as decisões, de se movimentar em alguma direção que aponte a retomada da
economia.
Em um gesto inédito, a presidente
Dilma foi ao Congresso Nacional levar sua mensagem para 2016 e deixou, sob
alguns protestos, propostas de aumento da carga tributária (CPMF), reforma da
Previdência e apreensão com o avanço do vírus Zika. Não recebeu adesão, além da
protocolar, às suas propostas. Tem ainda que resolver a situação de seu governo
contra um pedido de impeachment, que, segundo seu vice-presidente, teria
perdido a força. Perdeu sim, mas a ameaça precisa ser definitivamente abatida.
Não está difícil, hoje, à presidente; na verdade, está mais fácil obter os 172
votos necessários à derrubada do pedido do impeachment do que a aprovação da
nova CPMF, que requer mais de 300.
O vice Michel Temer negociou no PMDB
para não perder o cargo de presidente do partido. Após o fracasso do
impeachment, perdeu também força interna e esteve ameaçado de ficar sem
comando. Deu sorte que, no mesmo período, o rival interno, Renan Calheiros,
presidente do Senado, está sendo investigado na operação “Lava Jato”, que apura
os malfeitos na Petrobras, e, agora, poderá ser processado no STF por ligações
perigosas com empreiteiras em denúncia de 2007. Por conta disso, Temer negociou
com Renan e acertaram chapa única. Temer supera seus problemas, mas fica um
presidente de asa quebrada.
O quarto mandatário, o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, está ameaçado de afastamento do cargo pelo
STF e de cassação pelo Conselho de Ética da própria Câmara por decoro e por
manter contas secretas na Suíça. Para evitar o pior, paralisou os trabalhos da
Câmara ao adiar a condução dos presidentes de comissões para este ano e anulou
o julgamento contra si. Resultado: seu processo volta à estaca zero, mas a Casa
ainda não pode voltar a funcionar.
Depois do Carnaval, haverá preparação
para a Semana Santa; não se pode descuidar das festas juninas no Nordeste; as
olimpíadas colocarão o Brasil na vitrine mundial e, em seguida, eleições
municipais só terminam em outubro. Tudo somado, 2016 está com a agenda muito
concorrida e com suas principais lideranças fragilizadas e sem a capacidade de
colocar o país para funcionar.
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