Márcio Doti
O PT do marqueteiro João Santana já
passou mais de uma década debochando dos eleitores brasileiros ao induzir seus
asssessorados a manipulações escandalosamente mentirosas e, por isto mesmo, desrespeitosas.
Quem ouviu o advogado do casal João Santana em suas declarações à imprensa,
logo após os depoimentos de seus clientes, na Polícia Federal de Curitiba, teve
a nítida sensação de que ali estava o porta-voz de dois grandes injustiçados,
cujas prisões não tinham a menor razão de ser. Parecia o desempenho de alguém
orientado por um marqueteiro que, durante as eleições de 2014, ajudou a
candidata Dilma Rousseff a mentir sem o menor pudor e distorcer situações para
fazer seu adversário parecer o carrasco em que ela própria se transformou,
assim que assumiu o mandato conquistado dessa forma claramente condenável.
O próprio marqueteiro, assim que soube
do ambiente que o esperava disse que seu país estava passando por momentos de
muita perseguição. Nada diferente do que havia afirmado o presidente do
partido, Rui Falcão, ao considerar exagerada a operação da Polícia Federal e
dos promotores. Tudo na mesma direção de comentários feitos dias antes pelo
ex-presidente Lula e pela presidente Dilma Rousseff. E os fatos revelados,
incluindo o pagamento de U$7,5 milhões em offshores, foram desdenhados pelo
líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães. A tática vem de longa
data e foi introduzida na política brasileira pelo PT desde o tempo do mensalão.
Na verdade, o partido apenas trocou o lado da mentira. Antes, usava e abusava
de inventar e distorcer ao exercer a oposição, sempre com muita contundência.
Ao virar governo, foi só usar a tática na defensiva e sem o menor receio de
enfurecer os brasileiros indignados com tanto absurdo.
Diante de ruas que parecem
indiferentes a tudo que atinge a população de modo tão grave e crescente, o
povo vai levando e isso faz parecer que a esses inquilinos do poder podem
continuar mentindo, disfarçando, dissimulando, fazendo de contas que a imensa
crise não é problema deles, não foi produzida por eles e nem precisa ser
combatida. Acham que o impeachment é um produto do desespero do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, às voltas com o seu próprio “impeachment” depois de ser
apanhado com contas na Suíça e tudo o mais.
Incapazes de dominar a imensa crise
com componentes políticos, econômicos e morais, uns potencializando os outros,
os ocupantes do poder se revezam em fazer parecer que tudo é intriga da
oposição, no caso do PT, ou que o Brasil está precisando é de uma forte dose de
otimismo, como é o caso do PMDB. Não lhes ocorre que o desemprego está
crescendo, que o rebaixamento executado pela terceira das maiores agências de
avaliação de risco do mundo, a Moody’s, acaba de cumprir a sua promessa e
desclassificou o Brasil como fizeram as outras duas, a Standard & Poors e a
Fitch. Isso parece algo distante, mas aumenta juros, faz crescer a
desconfiança, espanta ainda mais os já assustados investidores. E o pior: tudo
o que acontece tem prazo de duração e ele é no mínimo de dois anos num
crescendo de dificuldades e sofrimento que vai bater nas mesas dos brasileiros,
depois vai atingir os travesseiros. E ninguém tenha dúvidas de que aí tomará o
caminho das ruas como algo inevitável.

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