segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

HÁ PROVAS CONTUNDENTES CONTRA O CHEFÃO




Ricardo Galuppo





No curto período em que a Hungria viveu sob o domínio do comunista Béla Kun, no início do século passado, um agrônomo recebeu a missão de plantar laranjais às margens do lago Balaton. O rapaz tentou se esquivar da tarefa. Argumentou que o clima frio da região era inadequado e que laranjais morreriam tão logo os ventos frios do inverno começassem a soprar. Como resposta, ouviu que o partido já havia tomado a decisão e tudo o que ele tinha que fazer era obedecer. As árvores foram, então, plantadas. Mas morreram antes que a primeira nevasca caísse. Os comunistas, então, prenderam e mandaram enforcar o agrônomo. Afinal, ele havia se oposto desde o início à ordem do partido. E se as plantas tropicais não suportaram o frio, certamente foi porque ele boicotou a ideia.
Essa história, por absurda que pareça, é real. Ela foi contada na abertura do livro Os Laranjais do Lago Balaton, do cientista político francês Maurice Duverger. E, muito embora não exista no Brasil um partido com força suficiente para mandar para a forca os que se recusam a contrariar sua lógica, com certeza tem companheiro por aí que adoraria estar no lugar dos que mandaram executar o agrônomo. Essa é a ideia que se tem quando se acompanha os destemperos praticados em nome da tentativa de preservar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das denúncias de têm caído sobre ele.
Triplex no Guarujá
É ingenuidade do PT imaginar que pode livrar seu grande líder do chumbo grosso que, com base em manifestações como a que se viu na porta do Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Como se sabe, o ex-presidente deveria ter estado lá na quarta-feira passada para explicar a história mal contada de um triplex cuja propriedade é atribuída a ele, no balneário do Guarujá. Lula não foi. Os chicaneiros contratados por ele agiram e o ex-presidente não precisou depor. Mas, ao se recusar a falar do assunto, deixou no ar a sensação de não ter como se defender da acusação. E olha que a história do apartamento é bem menos cabeluda do que a do tal sítio, cuja propriedade também é atribuída a ele, no município de Atibaia.
Vinhos caros
O mais intrigante nesse enredo que está muito longe de chegar ao fim é a súbita revelação de detalhes que só podiam ser conhecidos ou por quem recebeu ou por quem fez os favores. Nem os jornalistas, nem o Ministério Público nem os vizinhos do sítio saberiam, por exemplo, que o engenheiro que tocou a reforma do sítio é funcionário da Odebrecht se alguém, ou pelo lado de Lula ou pelo lado da empreiteira, não tivesse providenciado o vazamento da informação. Será que a origem da informação é dona Marise Letícia ou algum amigo de Lula? Pouco provável.
Embora os companheiros petistas não tenham, como tinham os asseclas de Béla Kun, o poder de mandar matar os que participaram de seus projetos fracassados, eles estão cometendo erros colossais. Antes de acusar a oposição, deveriam verificar a origem dos vazamentos. Se conseguirem recolher o fio do novelo, provavelmente encontrarão, na outra ponta, gente com quem, até outro dia, se sentavam na mesa para tratar de negócios  e degustar vinhos caros.

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