Orion
Teixeira
No início de cada ano, e nesta época,
há uma mania de dizer que o país só retoma os trabalhos após o Carnaval, que
terminou nessa terça oficialmente, mas não há data precisa para as coisas
começarem a andar. Se será agora ou depois da Semana Santa. A indefinição
atende a interesses políticos de quem não sabe por onde começar. A política até
que é dinâmica, mas a história é teimosa. Há um ano, por exemplo, Minas
discutia o futuro dos servidores da Lei 100 (sem concurso), a reivindicação do
pagamento do piso nacional aos professores, o Orçamento de 2015 e a reforma
administrativa.
Um ano depois, estamos no mesmo lugar
e com os mesmos desafios. O governo cumpriu, no dia 31 de dezembro, a sentença
da Suprema Corte, que determinou a demissão de todos da Lei 100, que, em 2007,
foram contratados sem concurso (inconstitucional), mas o fez sem um
planejamento administrativo e político. Oito mil desses servidores que estavam
de licença médica, até mesmo gestantes, foram desligados; todos eles, mais de
50 mil, saíram sem receber o ‘rateio’, como é chamado o mês de janeiro para os
contratos temporários.
O novo piso foi negociado num acordo
histórico, mas ainda não foi paga a segunda parcela (a concessão do reajuste
nacional do piso, de 11,36%). Nova reunião acontece nesta quinta (11) para
discutir ambos os temas. Já o Orçamento sofrerá novos cortes e a reforma
administrativa começa a ser rediscutida neste mês.
No plano nacional, a operação Lava
Jato entrava em seu segundo ano para desbaratar o esquema de desvios na
Petrobras. O governo Dilma Rousseff (PT) enfrentava os mesmos problemas que
ainda o deixa paralisado, como a falta de popularidade e de apoio político para
apontar e viabilizar soluções para o ajuste das contas públicas e a retomada do
crescimento da economia. Ainda nessa terça à noite, o PT voltou à TV com novas
inserções (comerciais) da propaganda partidária gratuita para defender o
resgate do otimismo com o Brasil. Continua sem dar respostas às acusações de
envolvimento com os malfeitos na estatal e uso de dinheiro ilícito em campanhas
eleitorais, presidenciais e estaduais.
No plano municipal, o prefeito de Belo
Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), iniciava operação política para romper com a
bipolarização tucano-petista. Por enquanto, permanece aliado ao PSDB. Tudo
somado, podemos concluir que, após o Carnaval do ano passado, o país ainda não
recomeçou.
Em sintonia com o Planalto
O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB), deverá promulgar a PEC da janela partidária, que permitirá o
troca-troca de partidos durante 30 dias, somente após a eleição do líder do
PMDB na Câmara dos Deputados. O governo e aliados esperam reconduzir o deputado
Leonardo Picciani (RJ) no próximo dia 17. A migração partidária poderia
atrapalhar sua reeleição. A expectativa é de redução da bancada do partido, de
67 deputados, a maior atualmente.
O PT é o que mais perdeu desde a
eleição de 2014, com nove a menos, caindo para 59 e deixando de ser a maior
bancada, e pode ter mais baixas com a tal janela. A dança de cadeiras, desta
vez, está menos atrativa, porque, pela nova regra, os deputados não poderão
levar a cota do fundo partidário e o tempo de rádio e TV para o novo partido.

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