quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

CARNAVAL DOS POLÍTICOS




Márcio Doti



Quem pensa que a quarta-feira de cinzas vai aliviar só o cansaço do folião está bastante enganado. Nas praias, nas fazendas, nos palácios, em várias partes o mundo político pulou um carnaval diferente, especialmente, os que estão às voltas com a guilhotina das operações da Lava Jato, Zelotes e Acrônimo, e também da Justiça Eleitoral e do Tribunal de Contas da União.
Nesta confusão, estão políticos e empresários a começar por Lula, passando por Dilma, pelo governador Pimentel, os figurões da OAS, da Odebrecht, da Andrade Gutierrez, nomes da oposição como o de Aécio, agora citado por Fernando Moura, que implicou José Dirceu, depois ameaçou recuar e trouxe para a cena o nome do senador mineiro que nega tudo e promete interpelar o delator na Justiça.
Longe dos salões e das avenidas, o que não faltou foi conversa, articulação, a busca de um jeito de aliviar impeachment presidencial, dar sumiço no tríplex de Lula, nos incontáveis erros de Dilma apontados pelo Tribunal de Contas da União e mais aqueles que constam do processo movido pelo PSDB junto à Justiça Eleitoral. Aécio aparece na boca do delator da Lava Jato como patrono de uma diretoria de Furnas por cortesia de Lula ao manter na estatal o diretor Dimas Toledo.
O delator Fernando Moura contou ao juiz Sérgio Moro que havia três cotas em Furnas, uma para o PT de São Paulo, outra mais para o PT Nacional e uma para Aécio que promete ir aos tribunais contra a acusação.
Se para os verdadeiros foliões a festa de Momo acabou nas cinzas de hoje, a dança dos políticos está apenas começando a julgar pelas tantas acusações e situações que esperam desdobramentos e definições. O Ministério Público Federal espera ouvir da empresa que fez a mudança do ex-presidente Lula do Planalto para São Paulo, a fim de saber se entregas foram feitas no sítio de Atibaia, que se suspeita ser de Lula, embora conste em nome de amigos.
O ex-presidente ainda está às voltas com a venda de medidas provisórias e os lobbies em favor de empreiteiras como Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez. No que diz respeito ao governador Fernando Pimentel, sua esposa Carolina de Oliveira e o amigo Benedito de Oliveira, a pizzaria da CPI do BNDES está aberta e com o forno aceso: enquanto o sub-relator Alexandre Baldy, do PSDB, pede o indiciamento da esposa do governador pelas provas encontradas, o relator José Rocha, do PR baiano, anuncia a intenção de poupar todos os suspeitos de envolvimento nos casos de financiamento feitos pelo banco público de fomento e subordinado a Pimentel quando este comandava o Ministério do Desenvolvimento.
O carnaval de toda essa gente foi passado em meio a contatos de assessores e advogados para a preparação dos cenários e do que puder compor saídas pelas escadas de incendio e recursos parecidos.
Mas, de uma forma ou de outra, longe de serem apenas cinzas, os fatos adormecidos durante recessos e carnaval agora estão numa imensa fogueira que alguns tentam apagar e outros querem ver arder até o último graveto.


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