Márcio Doti
É fundamental que cada cidadão se
conscientize do momento triste que estamos vivendo. A história cobrará, sem
piedade, o que cada um fez ou deixou de fazer para que o país fosse capaz de
superar tantos erros e vícios e trazer de volta aos trilhos uma composição
desgovernada que promete nos atropelar durante pelo menos três anos. Não
sabemos exatamente o que é isto porque ninguém viveu até aqui uma situação
sequer parecida. Mas é certo que não ficaremos ao largo das dificuldades. Um
governo que gasta mal o que nem tem vai agravar ainda mais o quadro já sem
isso, repleto de cores feias e assustadoras. Imagina mais agruras na segurança
pública, no atendimento médico, na educação, tudo agravado pelos preços nos supermercados
e sacolões, nos serviços essenciais de água, energia elétrica, impostos e taxas
cobrados com a ganância de governos que precisam fazer o dinheiro circular para
que sobrem os “por fora”.
Quem acompanhou a campanha eleitoral
do candidato Fernando Pimentel ouviu muitas críticas aos governos
“incompetentes” de Aécio, Anastasia e Alberto. Que gastaram mal, que não ouviam
o povo, eram cruéis nos impostos e taxas, entregavam ao povo mineiro péssimos
serviços estaduais. E agora? O discurso mudou para a falta de dinheiro, a crise
internacional vinda da China e cofres limpos, sem dinheiro, mesmo após o uso
dos depósitos judiciais. Não consegue sequer pagar em dia o funcionalismo
público estadual que durante 12 anos nunca soube o que era atraso de um dia sequer.
Nos palácios de Minas, não se esperam carros fortes com dinheiro para fazer
pelo menos o mínimo do que foi prometido em campanha. Quem bate à porta é carro
de polícia, mantido à distância pela politicagem suja dos dias atuais.
CADA QUAL QUE SE VEJA
Em Brasília, nunca foi tão verdadeira
aquela música bem brasileira que em certo trecho proclama: “... se gritar pega
ladrão, não fica um meu irmão! Se gritar pega ladrão...” Cada qual anda
preocupado com seu próprio pescoço. Mesmo sendo preciso andar uma longa
distância para alcançarmos um outro ambiente onde viver e produzir, o que torna
tudo mais grave, é que nem começamos essa caminhada. Estamos, ainda, em estado
de plena desarrumação em todos os setores. Uns tentando cobrir as falhas dos
outros, cada qual esquentando os panos, montando as pizzas, na triste e
vergonhosa ilusão de que será possível passar desta para melhor sem um
tratamento profilático, uma limpeza generalizada que comece de novo o que não
tem como ir pior.
A hora é de lembrar Kennedy, o presidente
norte-americano brutalmente assassinado: “... não perguntem o que nosso país
pode fazer por nós”. E conclui dizendo que cada um é que procure perguntar o
que pode fazer pelo país. É isto. Cada um que faça a pergunta, mire-se no
espelho. Seja autoridade, seja o cidadão mais simples. Ninguém escapará do
julgamento da história que fatalmente virá um dia. Para destrinchar essa
triste, vergonhosa e suja etapa da vida brasileira. Uma coisa é certa: todos
pagaremos um alto preço por permitir que se chegasse tão longe nessa aventura
que transformou a vida nacional numa imensa página policial.

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