segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

SERÁ VERDADE?



  

José Antônio Bicalho




04/01/2016As previsões mau agourentas para 2016 são chutes. Teremos um ano difícil, isso é certo, mas o pessimismo profundo e generalizado está descolado da realidade.

A economia é feita de ciclos, o que permite exercícios de projeções. Quando a economia está num momento de alta é mais fácil prever o teto (esgotamento da capacidade produtiva ou do consumo interno são duas das principais variáveis). Já nos ciclos de baixa fica muito difícil prever o piso, o momento da inversão da tendência e a força da reação.

Agouro

No último boletim Focus de 2015 (a pesquisa de expectativas feita pelo Banco Central junto a analistas de bancos e do mercado financeiro), a previsão é de queda do PIB em 2,8% neste ano. Destes, um encolhimento de 1,8% viria simplesmente do chamado carregamento estatístico, já que a recessão só fez piorar ao longo do ano passado.

Como na economia não existe reversão milagrosa de tendências, o movimento de queda do PIB do ano passado contaminará inevitavelmente o ano de 2016. Nisso os analistas estão certos. Mas essa curva, que vai da queda da economia no ano passado ao momento do retorno do crescimento, poderá desenhar um “u” mais aberto ou fechado. Prefiro apostar na segunda hipótese, que significa uma recuperação mais rápida e vigorosa.

Os pessimistas justificam que as dificuldades do ano passado não foram superadas. Que os problemas de ajuste das contas públicas se mantêm os mesmos, que o quadro político ainda é incerto e que o mercado de trabalho, e por consequência o consumo, tendem a piorar. Não vejo dessa maneira.

Novo comando

Em primeiro lugar, começamos este ano com um novo comandante na economia. Nelson Barbosa, se honrar suas crenças desenvolvimentistas, reverterá o caminho trilhado por seu antecessor na Fazenda, Joaquim Levy. A queda de quase 4% do PIB no ano passado já mostrou que a desaceleração da máquina pública é desastrosa para a economia, só faz piorar o déficit federal e coloca a dívida pública fora de controle.

No campo político, a crise que parecia incontrolável deu sinais, no final do ano passado, de que tende a arrefecer e abrir espaço para que Dilma volte a governar. Nesse início de ano, até que o Congresso retorne ao trabalho em fevereiro, teremos um bom prazo para o governo se oxigenar, reorganizar suas bases e estruturar mudanças na política econômica. Mas essa variável política é a mais fluida e imprevisível.

E quanto ao mercado de trabalho e ao consumo interno, acredito firmemente que o apetite do empresariado brasileiro será a mola propulsora da volta ao crescimento quando o governo sinalizar iniciativas nesse sentido. Nenhum empresário aposta no “quanto pior melhor”. Isso é coisa de político. Quem é dono de empresa quer usar toda sua força de produção. Quer investir, crescer e lucrar. E fará isso, desde que o governo não trabalhe em prol da recessão como fez no ano passado.

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