Simone Demolinari
Há um ditado popular que diz: falar é
fácil; difícil é fazer. Essa dificuldade fica evidente quando proferimos
discursos impecáveis, dando palavras de encorajamento a alguém, conselhos de
como obter sucesso, superar a dor do amor, mas... quando passamos por situações
semelhantes não conseguimos fazer nem a metade daquilo que falamos.
Para os outros o rigor, para nós a
misericórdia.
A tendência de falar mais do que fazer, parece bastante comum, sobretudo para quem gosta de passar uma imagem de pessoa bem sucedida, superior, com grande maturidade emocional. Mas essa suposta superioridade se limita a verborragia, pois na prática as convicções não se aplicam.
A tendência de falar mais do que fazer, parece bastante comum, sobretudo para quem gosta de passar uma imagem de pessoa bem sucedida, superior, com grande maturidade emocional. Mas essa suposta superioridade se limita a verborragia, pois na prática as convicções não se aplicam.
O ideal seria que ao sugerir ao outro
que varra a casa, o mesmo esteja com a sua casa limpa. Mas isso nem sempre
acontece.
Muitas vezes, as pessoas defendem
enfaticamente valores que não possuem. E nem percebem que não possuem. Por
exemplo, se dizem providos de ética, mesmo falando mal do amigo ausente, fazem
alusão a fidelidade mesmo espalhando o segredo alheio, se dizem intolerante ao
preconceito ao mesmo tempo que se gabam de tratar de maneira igual o porteiro e
o presidente da empresa, discursa sobre o respeito ao próximo querendo levar
vantagem na negociação, se dizem praticantes da verdade e pedem ao filho para
dizer ao telefone que não está em casa, pregam versículos bíblicos e fazem
negócios ilícitos. Falas e fatos completamente destoantes. É como fazer um
discurso sobre as maravilhas de não fumar, com um cigarro na boca.
Mas de onde vem essa mania de
discursar aquilo que não se pratica?
Vem da baixa autoestima. Desde criança somos constantemente submetidos a comparações e estimulados à competitividade. São pais que comparam os filhos uns com os outros, as vezes exaltando a inteligência de um, escola que incentiva o primeiro lugar entre os alunos, a família que disputa a autoridade da casa, a comparação com o vizinho bem sucedido. Atitudes que não motivam, ao contrário, frustram, deixando o comparado com a nítida sensação de inferioridade e menos valia. O pior é que às vezes somos induzidos a cobiçar “modelos de sucesso” que nem sabemos se de fato admiramos. São tantos moldes que fica difícil diferenciar o condicionamento da essência.
Vem da baixa autoestima. Desde criança somos constantemente submetidos a comparações e estimulados à competitividade. São pais que comparam os filhos uns com os outros, as vezes exaltando a inteligência de um, escola que incentiva o primeiro lugar entre os alunos, a família que disputa a autoridade da casa, a comparação com o vizinho bem sucedido. Atitudes que não motivam, ao contrário, frustram, deixando o comparado com a nítida sensação de inferioridade e menos valia. O pior é que às vezes somos induzidos a cobiçar “modelos de sucesso” que nem sabemos se de fato admiramos. São tantos moldes que fica difícil diferenciar o condicionamento da essência.
Mesmo podendo seguir um arbítrio,
ainda que pouco livre e romper com os modelos impostos, às vezes é mais fácil
sucumbirmos a eles. Quem não consegue chegar lá, finge que chegou. É dessa
desonestidade emocional que nasce um paradoxo intrigante: a dupla moral –
adultos com vergonha de admitir suas fraquezas, mas sem nenhum pudor de
escondê-las atrás de uma mentira.
É a famosa hipocrisia – a arte de
discursar aquilo que não se pratica. Uma atitude pusilânime, sobretudo consigo.
Mesmo trazendo para si o maior
prejuízo, muitos se apegam a essa farsa, com medo de que, se ficarem sem ela,
os outros descobrirão que não há nada ali. Assim, seguem pregando um discurso
irreal para esconder a covardia de assumir-se ou reinventar-se.
Nesse caso, a mentira, é tudo aquilo
que gostariam que fosse verdade.

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