terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O BRASIL ENSINA COMO PERDER DINHEIRO



  

Márcio Doti



Todo governo tem seus escândalos, é o que dizem os poucos que ainda conseguem ter força para defender os governos do PT e aliados. Meia verdade. Não são todos, há os que não exibiram escândalos senão acusações que deram em nada, foram apenas frágeis exercícios de desonestidade política. Mas, nenhum, nem mesmo durante o governo Collor ou durante o governo Sarney, conseguiu reunir tantos absurdos como os governos do PT. Se isto quer dizer alguma coisa, cada qual que tire as suas conclusões ou até reforce as suas baterias de defesa. Mas é muita coisa junta para pesar contra um partido que cresceu a poder de promessas, de discursos sempre prontos a defender até os pontos de vistas mais absurdos, desde que rendessem aplausos, palmas, adeptos, gente satisfeita com o que ouvia, ainda que os discursos pintassem um panorama impossível. O tempo e a realidade provaram isto.
A “Pátria Educadora”, slogan do governo, é só um slogan. Depois de muitas promessas de campanha, o FIES, destinado a camadas sociais intermediárias, e o Pronatec, programa de formação de mão de obra, alardeado nos palanques e nos horários da propaganda gratuita, são hoje um arremedo de tudo o que se prometeu.
Foi preciso que o Tribunal de Contas da União, o TCU, entrasse no Supremo para que o BNDES tornasse públicos os termos dos contratos de financiamentos a empresas. Foi assim que se conheceu as bases dos financiamentos à JBS Friboi, grande financiadora de campanhas eleitorais do ano passado e também às empreiteiras nacionais, Odebrecht e OAS, outras grandes financiadoras de campanhas políticas. Dinheiro que serviu para financiar até obras de países vizinhos e tidos como amigos. Dinheiro que o BNDES tomou do Tesouro Nacional, que por sua vez, pegou no mercado a juros normais e repassou a juros subsidiados, favorecendo grandes financiadoras de campanhas políticas. Um circuito formidável de ajudas mútuas.
E o que dizer da compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras? Comprada em sociedade mal feita, com o restante adquirido também pela Petrobras a preço de ouro, durante o governo Lula e quando presidia o Conselho de Administração a hoje presidente Dilma Rousseff. Todo mundo conhece a história! Mas isso precisa ser lembrado.
Enquanto Brasília vive seus desacertos de muitos milhões de reais e dólares, a Justiça Eleitoral caminha lentamente para apreciar o processo do governador Fernando Pimentel, acusado de gastar R$10 milhões a mais em sua campanha eleitoral. Ao mesmo tempo em que está às voltas com as operações Zelotes e Acrônimo, da Polícia Federal, por lavagem de dinheiro e caixa dois de campanha, além da venda de favores a montadoras de veículos ao tempo em que era ministro do Desenvolvimento.
Não é preciso repetir os milhões de dólares e de reais que deixaram seu caminho natural e vieram abastecer bolsos de funcionários e de políticos, tudo a poder da Petrobras e de suas fornecedoras, incluindo-se aí até mesmo o aluguel de navios, imagina, navios! Há muito mais. O que falta é espaço. Mas, para terminar nosso giro, que ainda pode viver uma outra viagem, numa outra oportunidade, vamos desembarcar. Há um temporal na economia com desemprego na casa de dois dígitos, inflação também. Números absurdos em recessão, carestia, nuvens negras num céu carregado a indicar que virão mais relâmpagos e trovoadas a ameaçar os nossos bolsos enfraquecidos ou famintos.

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