quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

DESVIO DA PREVIDÊNCIA



  

Jornal Hoje em Dia



O governo de Minas se vê às voltas com mais um problema de falta de recursos. O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) está prevendo um déficit – diferença entre a arrecadação e as despesas com aposentadorias e pensões – de R$ 8,3 bilhões neste ano. É um problema que vem crescendo ano a ano pelo crescimento exponencial do número de dependentes dos benefícios, ao contrário do número de contribuintes da ativa.

Além do problema social que esse desacerto de contas pode causar, também há a questão dos investimentos públicos em obras e programas relevantes. O dinheiro que falta à Previdência terá que sair do Tesouro estadual, que é formado pelo conjunto de tributos arrecadados pelo Estado. Assim, sobretudo em tempos de crise, o caixa do governo terá que bancar a Previdência, em vez de aplicar o dinheiro em investimentos produtivos.

O grande drama a ser enfrentado pelos sistemas previdenciários, sejam os estaduais ou o nacional, é a questão do envelhecimento da população. Com os avanços da medicina, do beneficiamento dos alimentos e da qualidade de vida, as pessoas estão vivendo mais. Dependendo da idade em que se aposentam, podem viver até 30 anos, ou mais, sob os proventos da aposentadoria.

A massa da população economicamente ativa, ou seja, aquela que está ainda trabalhando e contribuindo para a Previdência, tem se reduzido, em comparação com o número de pessoas retiradas. Outra questão que aflige especificamente a Previdência do Estado é a falta de um teto máximo para o benefício. O servidor recebe pelo último salário, que possui uma série de benefícios agregados.

Uma nova legislação que passará a vigorar em fevereiro prevê o atrelamento do benefício ao do regime geral do país, que tem um teto, no momento atual, de R$ 5.147,00. Entretanto, só valerá para os que ingressarem no serviço público agora. Portanto, só daqui a três décadas, em média, é que entrará efetivamente em prática.

Sindicalista ouvida pela reportagem lembra que, em 2013, o então governo do Estado extinguiu o Fundo de Previdência e o dinheiro foi incorporado ao caixa do Estado. Então, as contribuições dos servidores foram para as despesas gerais, em vez de serem destinadas ao montante que irá depois bancar os benefícios.

Minas e o país precisam reestudar suas previdências, mas nunca se pode esquecer que o trabalhador é quem menos tem culpa pelos sistemas atuais.

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