Jornal Hoje em Dia
O Brasil não consegue se livrar do
epíteto de “rei das trapalhadas”. Na verdade, não o Brasil, mas as autoridades
que o representam. Ou como cunhou o cronista Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo
de Sérgio Porto, ainda na década de 60, é o chamado FEBEAPÁ, acrônimo que
significa “festival de besteiras que assola o país”. É o que se pode inferir
quando se analisa as declarações do ministro da Saúde, o piauiense Marcelo
Castro.
O ministro é médico com especialização
em psiquiatria – por isso surpreendem as suas declarações. Em 2014 foi reeleito
para o quinto mandato de deputado federal. É titular do ministério desde
outubro passado. E vem criando um verdadeiro festival de frases controversas,
principalmente porque se referem a um problema de saúde pública, a infestação
do mosquito Aedes aegypti, que dissemina a dengue, chikungunya e zika vírus.
“Eu percebo que os homens se protegem.
As mulheres, normalmente, ficam de perna de fora e, quando usam calça, usam
sandália”, foi uma de suas declarações em relação ao zika vírus, que pode
causar a microcefalia em fetos. “Vamos torcer para que as pessoas (mulheres),
antes de entrar no período fértil, peguem a zika”, foi outra declaração
infeliz. E a que deixou até o governo revoltado, embora carregada de razão:
“Nós estamos há três décadas com o mosquito aqui, no Brasil, e estamos perdendo
feio a batalha para o mosquito”.
E é isso mesmo o que vem ocorrendo em
nível nacional e estadual. Os governos vêm agindo de forma lenta, mesmo diante
de um problema tão grave. O que mais tem ocorrido são reuniões de equipe, que
não adotam ações práticas e imediatas. Conforme mostra reportagem nesta edição,
a força-tarefa criada em Minas para vistoriar 8 milhões de domicílios até 31 de
janeiro terá que estender o prazo, porque a meta não foi cumprida.
E não há outra forma que não esta, a
de enviar fiscais direto para as casas, para a detecção de focos do mosquito,
já que grande parte da população parece não atentar para o perigo, mantendo
displicentemente pontos com água parada que representam local aprazível para as
larvas do mosquito.
Em ano de Olimpíadas, muitos
estrangeiros que pensavam em vir ao Brasil já devem estar reavaliando a ideia.
Os prejuízos para o país são visíveis, mas as autoridades parecem não perceber
essa magnitude.

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