Editorial
Jornal Hoje em Dia
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O dia dessa terça foi de agitação nos
meios econômicos e financeiros, após a divulgação pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI) de relatório que aponta o Brasil em queda livre em termos
de produção e consumo para este e o próximo ano. E como tudo que está ruim pode
piorar ainda mais, o presidente do Banco Central, a autoridade máxima em termos
financeiros, Alexandre Tombini, emitiu nota apontando como “significativas” as
observações do FMI e afirmando que seriam levadas em consideração.
O problema é que, nesta semana, o
Comitê de Política Monetária (Copom) está reunido para definir a nova taxa
básica de juros, que até agora estava em 14,25%, já uma das maiores do mundo. É
através da chamada taxa Selic que o governo tenta conter a inflação, reduzindo
o crédito e o consumo. Mas, como até agora não vem surtindo o efeito desejado,
a expectativa dos analista era de que houvesse um aumento de até 0,5 ponto
percentual.
Com a manifestação de Tombini,
passou-se a prever um aumento menor da taxa, ou até nenhum aumento. A decisão
sai nesta quarta. Mas os analistas chegaram à conclusão de que pressões de
membros do governo buscam tentar mexer o mínimo na Selic para apostar em uma
retomada do crescimento através do consumo.
Entretanto, como estimular o
crescimento e o consumo se o desemprego é, a cada dia que passa, a principal
preocupação dos brasileiros? Reportagem nesta edição mostra que o trabalhador
que perdeu o emprego tem demorado mais tempo para conseguir uma nova colocação.
Cerca de 20% dos desempregados demoram mais de um ano para conseguir uma vaga,
isso no país. Na Grande BH, a busca atinge 11%.
Outro fator que desarma a estratégia
do governo é que o rendimento médio do trabalhador também vem caindo, passou de
R$ 2.388 para R$ 2.177 em 12 meses. População com menos capital reforça a
tendência de queda no consumo. Especialista ouvido pela reportagem aponta que
mesmo aqueles com maior qualificação e nível de estudo, e maior poder
aquisitivo, também enfrentam dificuldades, muitas vezes tendo que aceitar uma
remuneração menor do que aquela que recebia.
O governo não conseguirá recuperar a
economia com medidas cosméticas. E muito menos com aumentos de impostos, como
quer a presidente, que colocou a volta da CPMF como a tábua de salvação da
nação.
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