Luciano Luppi
Acabou o espetáculo. Acendem-se as
luzes da plateia. Todos que estão na sua frente levantam-se e aplaudem de pé.
Você, que chegou a dar uma cochilada e ficou com a sensação que poderia ser
melhor, não tem vontade de levantar, apenas dar um aval de que valeu o esforço
e a dedicação, através de umas poucas palmas. Olha em volta, só você está
sentado. Começa a se sentir um pouco desajustado, fora do clima.
Será que, por causa do cansaço do dia, deixou de perceber o espetáculo com um olhar mais apurado? Será que aquela plateia é formada, na sua maioria, por amigos e parentes dos artistas? Será que é você que está ficando extremamente exigente e mal-humorado, e não consegue absorver a arte de forma mais descompromissada, sem se ater a determinados critérios e padrões de qualidade?
Então, você se levanta e bate palma, mesmo sem estar com vontade. Pode? Claro que sim, afinal você não quer se parecer com um chato de galochas ou um intelectual ranzinza que não gosta de nada, mesmo que isso não corresponda à maneira com a qual você, internamente, percebeu e sentiu aquele espetáculo.
Você é apenas mais uma vítima da ditadura do comportamento do espectador. Sim, isso mesmo. A palavra ditadura pode soar um pouco forte (e realmente é) mas como, na maioria dos casos, acabamos assumindo uma postura adotada pela maioria para não nos sentirmos inadequados e antipáticos, deixamos de expressar com total liberdade a nossa verdadeira sensação. E neste tipo de jogo comportamental, se não é favor – é contra. Então, levantamos e batemos continência.
São poucas, muito poucas, as apresentações artísticas onde a plateia se divide e cada um se manifesta à sua maneira, sem qualquer tipo de constrangimento. Na sua grande maioria, um determinado comportamento é adotado pela maior parte dos espectadores e os indecisos acabam ficando com a facção predominante.
Os espetáculos de rua conseguem fugir um pouco desse comportamento opressivo, pois a rua concentra uma variedade imensa de costumes, valores e ideologias, e quem está em trânsito sente-se à vontade para manifestar a sua opinião, pois afinal, “a praça é do povo”.
Mesmo assim, também nos espetáculos de rua aparecem comportamentos padronizados e estigmatizados, bastando para isso que o evento se repita por algumas vezes.
Com uma sociedade que aposta cada mais na diversidade, com uma profusão enorme de tribos e ideologias que surgem e indivíduos que se posicionam veemente, não parece natural esse comportamento opressivo.
Então, quem sabe (me inspirando e me apropriando de pensamentos de Ken Wilber) seria uma forma de glorificar a tribo etnocentricamente? Nossa, agora fiquei chato e intelectualóide. Então, por favor, não aplaudam, fiquem à vontade para se expressarem livremente.
Será que, por causa do cansaço do dia, deixou de perceber o espetáculo com um olhar mais apurado? Será que aquela plateia é formada, na sua maioria, por amigos e parentes dos artistas? Será que é você que está ficando extremamente exigente e mal-humorado, e não consegue absorver a arte de forma mais descompromissada, sem se ater a determinados critérios e padrões de qualidade?
Então, você se levanta e bate palma, mesmo sem estar com vontade. Pode? Claro que sim, afinal você não quer se parecer com um chato de galochas ou um intelectual ranzinza que não gosta de nada, mesmo que isso não corresponda à maneira com a qual você, internamente, percebeu e sentiu aquele espetáculo.
Você é apenas mais uma vítima da ditadura do comportamento do espectador. Sim, isso mesmo. A palavra ditadura pode soar um pouco forte (e realmente é) mas como, na maioria dos casos, acabamos assumindo uma postura adotada pela maioria para não nos sentirmos inadequados e antipáticos, deixamos de expressar com total liberdade a nossa verdadeira sensação. E neste tipo de jogo comportamental, se não é favor – é contra. Então, levantamos e batemos continência.
São poucas, muito poucas, as apresentações artísticas onde a plateia se divide e cada um se manifesta à sua maneira, sem qualquer tipo de constrangimento. Na sua grande maioria, um determinado comportamento é adotado pela maior parte dos espectadores e os indecisos acabam ficando com a facção predominante.
Os espetáculos de rua conseguem fugir um pouco desse comportamento opressivo, pois a rua concentra uma variedade imensa de costumes, valores e ideologias, e quem está em trânsito sente-se à vontade para manifestar a sua opinião, pois afinal, “a praça é do povo”.
Mesmo assim, também nos espetáculos de rua aparecem comportamentos padronizados e estigmatizados, bastando para isso que o evento se repita por algumas vezes.
Com uma sociedade que aposta cada mais na diversidade, com uma profusão enorme de tribos e ideologias que surgem e indivíduos que se posicionam veemente, não parece natural esse comportamento opressivo.
Então, quem sabe (me inspirando e me apropriando de pensamentos de Ken Wilber) seria uma forma de glorificar a tribo etnocentricamente? Nossa, agora fiquei chato e intelectualóide. Então, por favor, não aplaudam, fiquem à vontade para se expressarem livremente.
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