Jornal Hoje em Dia
Aproveito uma viagem a Portugal e
Espanha para tecer algumas considerações sobre o que se passa na Europa em
termos políticos e econômicos. E comparo com a crise que atravessamos e tanto
nos assusta.
A globalização é um fenômeno histórico
mais profundo do que o imaginado. Países como os da Península Ibérica, que
tiveram governos fortes por décadas – mas de exemplar austeridade e espírito
público, o que não tem nada com as limitações no livre exercício da democracia
– pagam caro a liberdade conquistada.
A roubalheira está instalada em todos
os partidos. Muitas lideranças políticas presas, bens bloqueados e cobrança
implacável de multas e impostos.
Na Espanha, a tia do atual rei
responde criminalmente por malfeitos do marido em entidades onde ela figura
como dirigente.
Em Portugal, o ex-primeiro-ministro
Sócrates ficou bons meses na cadeia e parece que será condenado tais as
evidências de seu enriquecimento ilícito. Neste processo aparecem muito suas
ligações comerciais com a Venezuela de Chávez e o Brasil de Lula.
No campo político, nos dois países, a
centro-direita teve o primeiro lugar, mas a esquerda se uniu, gerando uma
situação inusitada.
Apesar da grave crise na economia, que
vinha sendo superada com sacrifício, Portugal tem um governo de esquerda cujas
primeiras medidas foram as de restituir feriados (quatro) e aumentar os dias de
férias, além de pressionar para obter mudanças na privatização da TAP.
A Espanha chegou a marcar o Dia de
Reis, importante lá, como sendo “das rainhas” para combater o machismo cristão.
Tudo que parece brincadeira, infelizmente, não é.
O resultado desta confusão política
tem sido a interrupção nos processos de recuperação do emprego e da
credibilidade, com agravamento do social. Também ocorre uma crescente
intervenção do Judiciário, inclusive ordenando despesas inoportunas.
Portanto, crise política, econômica,
moral, não é privilégio do Brasil. Mas também a ação contra a corrupção pela
primeira vez atinge altos mandatários e seus familiares. O que é um fato
positivo se não sofrer constrangimentos, como no caso da Venezuela.
No mais, a Europa terá novos problemas
com a economia grega e a ação política da Rússia, que de certa forma quer
refazer de outra maneira seu domínio sobre as antigas repúblicas soviéticas.
Alemães e ingleses continuam no rumo
coerente com a história de desenvolvimento econômico e social que possuem.
Que desta transição venha um novo mundo e não um retrocesso bolivariano.
Que desta transição venha um novo mundo e não um retrocesso bolivariano.
PS: A grande figura exaltada pelos
conservadores europeus é um latino-americano: Mauricio Macri, novo presidente
da Argentina.
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