terça-feira, 1 de dezembro de 2015

GOVERNADOR DE MINAS ESTÁ TODO ENROLADO!



  

Márcio Doti



É natural que a interrupção na sequência de investidas da operação Acrônimo da Polícia Federal provoque certo suspense. A operação vem investigando lavagem de dinheiro, financiamentos do BNDES e caixa dois de campanha envolvendo o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, sua esposa Carolina de Oliveira e os amigos Otílio Prado e Benedito de Oliveira. Pode ser que os investigadores da PF e os promotores do Ministério Público Federal estejam confrontando dados colhidos nas últimas investidas de que se tem notícia e que tentaram ouvir Carolina Oliveira na maternidade, embora ela não tenha declarado nada. Naquela oportunidade, o presidente da Cemig, Mauro Borges, que substituiu Pimentel no Ministério de Desenvolvimento, foi também ouvido pela segunda vez na sede da PF em Belo Horizonte. A ansiedade é natural a partir das tentativas do governador mineiro de interferir nos trabalhos através do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem endereçou suas queixas quando das primeiras operações. Por coincidência, naquela época houve troca do delegado que conduzia a operação Acrônimo desde o seu início, por delegada transferida do Norte do país e que chamou a atenção para o fato de que necessitaria de tempo para conhecer milhares de páginas do processo, com 500 horas de mídias anexadas. A polícia constatou que Carolina Oliveira mantinha uma empresa com apenas um funcionário e que todos os clientes tinham negócios diretos ou indiretos com o BNDES, banco subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, comandado por Pimentel.

Segundo a revista Época, em edição de junho, provas obtidas pela Polícia Federal no âmbito da operação Acrônimo colocam Pimentel no topo da cadeia de comando de um esquema que envolve contratos públicos, consultorias de fachada e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na matéria sobre o assunto, a Revista Época chamava a atenção para a igualdade das operações ilegais envolvendo a Petrobras e o BNDES, dois organismos públicos que lidam com altos recursos e, por isto, se tornaram alvos preferidos de políticos e partidos em busca de financiamentos ilegais para as suas atividades ou seus projetos de enriquecimento pessoal.

Revendo o caso, segundo relatório da PF citado pela Época, “o atual governador Pimentel enquanto ocupou o cargo de ministro e em razão daquela condição, recebeu vantagem financeira indevida no valor de R$ 299.882,05 da Diálogo Ideias e Pepper Interativa, esta última, pessoa jurídica que foi contratada e recebeu valores do BNDES por meio de contratação simulada da empresa de titularidade da companheira de Fernando Pimentel”. E segue o relatório afirmando que a Pepper recebeu cerca de R$ 500 mil do BNDES entre 2013 e 2014. E deu para Carolina R$ 236.882,05. A PF levantou a suspeita de que Carolina pode ser sócia oculta da Pepper.

Pimentel é investigado também por interferência no Ministério da Saúde, onde conseguiu a nomeação de funcionária em posição estratégica para encaixar seu amigo Benedito de Oliveira nos contratos daquela pasta. De igual modo, é investigado e tem contra ele a comprovação de recebimentos do Grupo Caoa, por interferência para a inclusão da montadora num programa de estímulo a investimentos no setor automobilístico. Há, inclusive, mensagens interceptadas em que o dono da empresa apelava ao amigo de Pimentel, Bené, para atuar junto ao substituto dele no ministério, o atual presidente da Cemig, Mauro Borges, para a liberação do financiamento. Até onde vai a atuação de Pimentel nos contratos do BNDES é o que as autoridades devem descobrir. Não se pode contar com a CPI instalada no Congresso, já denominada CPI do BNDES, porque sabemos bem a que se destinam as CPIs no Brasil. O nome é bem condizente: CPI DO BNDES.

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