Ricardo Galuppo
Uma diferença entre Joaquim Levy, que
deixou o Ministério da Fazenda na sexta-feira passada, e seu sucessor, Nelson
Barbosa, é a sinceridade com que cada um defende o equilíbrio das contas
públicas – passo essencial para o Brasil sair do atoleiro. Quem ouvia Levy
falar de ajuste fiscal percebia a convicção do ministro diante de uma
necessidade que ele não tinha força política para implementar. Com Barbosa, a
história é outra.
O novo ministro até se vale de
palavras muito parecidas com as de Levy para defender o ajuste das contas. Mas
é improvável que mova uma palha para conter a gastança desenfreada de dinheiro
público, que é a raiz de todos os problemas econômicos do país.
Podem chamá-lo de qualquer coisa.
Menos de ortodoxo. Foi dele, por exemplo, a ideia de mandar para o Congresso,
em setembro passado, um orçamento que previa não superávit, mas déficit nas
contas. A consequência foi desastrosa. E levou embora o que restava de
credibilidade ao Brasil no mercado internacional.
GASTANÇA FEDERAL
O novo ministro é ligado à corrente de
economistas autodenominada “desenvolvimentista”. Eles se baseiam, supostamente,
na estratégia do inglês John Maynard Keynes, responsável por tirar os Estados
Unidos da depressão iniciada em 1929 e por recuperar a economia da Europa,
devastada pela 2ª Guerra Mundial. O problema é que, no Brasil, só aplicam
metade dos conceitos de Keynes: a que defende o investimento estatal como base
da política de desenvolvimento. Quanto à outra metade, ou não leram ou não
entenderam. Keynes também defendia o respeito ao orçamento e falava da
necessidade de controlar os gastos de custeio da máquina para o Estado ter
fôlego financeiro para implementar suas políticas.
ENCILHAMENTO
Gasto público como mola propulsora do
desenvolvimento não é uma novidade no Brasil e muito menos uma exclusividade do
estilo petista de governar. Logo depois da implantação da República, mais
precisamente em 1890, outro Barbosa assumiu o Ministério da Fazenda. Tratava-se
de Ruy Barbosa, que passou à história como um tribuno brilhante – mas que foi
um fracasso estrondoso como chefe da economia.
Ruy Barbosa, assim como fez Guido
Mantega, também abriu os cofres dos bancos estatais a pretexto de financiar o
desenvolvimento. Emprestava-se dinheiro a rodo a todo oportunista amigo do
governo que prometesse erguer indústrias. E esperava-se que os empréstimos
fossem quitados com a venda de ações dessas empresas à população do país. Isso
deixaria para trás o tempo em que o Brasil era comandado pelas elites do
Império. No final, todos ficariam ricos. Lá, como agora, prometeram o paraíso e
entregaram o inferno.
A política de Barbosa, o Ruy, ficou conhecida como Encilhamento – numa referência pouco lisonjeira às corridas de cavalo que eram a fonte da jogatina da época. Ela empurrou o país para a recessão e foi o estopim de uma crise inflacionária que se estendeu até o início do século XX. Com o Barbosa atual, o Nelson, no comando é muito provável que a inflação e a crise também sejam legadas ao sucessor de Dilma Rousseff.
Seja ele quem for. Assuma ele quando assumir.
A política de Barbosa, o Ruy, ficou conhecida como Encilhamento – numa referência pouco lisonjeira às corridas de cavalo que eram a fonte da jogatina da época. Ela empurrou o país para a recessão e foi o estopim de uma crise inflacionária que se estendeu até o início do século XX. Com o Barbosa atual, o Nelson, no comando é muito provável que a inflação e a crise também sejam legadas ao sucessor de Dilma Rousseff.
Seja ele quem for. Assuma ele quando assumir.
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