quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

BURROCRACIA BRASILEIRA



  

José Antônio Bicalho



Nas vitrines de um grande número de lojas da Cidade do México estão pregados cartazes em que se lê “se solicita personal”, o que me fez lembrar o Brasil de pouquíssimo tempo atrás. A economia mexicana vai muito bem, com perspectiva de crescimento de 2,4% neste ano, apesar da derrocada do preço do petróleo (cerca de 15% de toda a exportação mexicana vem do petróleo). Seguros de um crescimento continuado (a última pesquisa feita pelo Banco de México com agentes do mercado financeiro aponta uma expectativa de evolução média do PIB de 3,35% pelos próximos dez anos), as empresas estão investindo e disputando trabalhadores.

Ontem, o mais importante diário de economia do México, o “El Financeiro”, publicou artigo no qual compara os momentos distintos da economia mexicana e brasileira, numa tentativa de explicar porque a primeira cresce com consistência e a segunda desaba, apesar de terem perfis bastante semelhantes. Resumidamente, o que se diz é que o México colhe hoje os frutos de um esforço de globalização, enquanto o Brasil se voltou para dentro e montou um aparato burocrático governamental de tal ordem que tira dinamismo da economia e desestimula investimentos.

Diz o articulista Carlos Mota que “ao contrário do Brasil, o México está se convertendo em uma economia mais flexível, globalizada e integrada ao mundo, o que nos dá uma vantagem. E o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, o acordo de integração comercial entre os países banhados pelo Pacífico, entre eles os Estados Unidos e o Japão) nos catapultará ainda mais na integração competitiva global”.

E sobre o Brasil, diz que “entre os círculos financeiros internacionais é comum o comentário de que o país precisa que o governo tire as mãos da economia e deixe que as forças do livre mercado funcionem totalmente”, e ainda que “os investimentos perdem eficiência em função do aparato burocrático do governo, que é quem decide qual setor produtivo deve ter quais recursos”.

O Global Competitiveness Index de 2015/2016, o ranking mundial de competitividade dos países divulgado no início deste mês, aponta que o Brasil ocupa a preocupante 75° posição entre 140 países, atrás do México (57°) e de países como o Chile (35°), Panamá (50°), Costa Rica (52°), Colômbia (61°), Peru (69°) ou Uruguai (73°). No ranking, quesitos como qualidade das instituições e da infraestrutura e estabilidade macroeconômica tem peso preponderante, assim como a sofisticação do ambiente de negócios e os investimentos em inovação, o que mostra onde estão nossas deficiências.

Mas, quanto à necessidade do governo “tirar as mãos da economia”, o articulista não se deu conta que isso já foi feito no início do ano, e que os efeitos são o que vemos atualmente. Diante da crise internacional, que derrubou a demanda e os preços das commodities exportadas pelo país, a opção do governo de trancar o caixa, cortar investimentos, rever as desonerações e implementar o arrocho fiscal simplesmente travou a economia. Na verdade, para uma economia de baixa sofisticação como a brasileira, o que se necessita em momentos de crise não é menos presença de governo na economia, mas um governo que atue pró-ativamente
na promoção do crescimento. E isso não se faz tendo como meta única a gestão do déficit público.

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