José
Antônio Bicalho
Vamos ao pacote de indicadores
macroeconômicos divulgado ontem pelo IBGE:
1 - Inflação de novembro medida pelo
IPCA-15 de 0,85%, a maior dos últimos cinco anos (trata-se do IPCA, o índice
oficial de inflação, só que medido no intervalo entre os dias 15 de meses
subsequentes);
2 - Inflação acumulada em 12 meses até
novembro de 10,28%, a maior dos últimos doze anos;
3 - Média de desemprego nas seis
maiores regiões metropolitanas do país em outubro de 7,9%, a maior dos últimos
seis anos;
4 – Queda de 7,0% no emprego
industrial em setembro na comparação com o mesmo mês de 2014, 48º resultado
negativo consecutivo e a maior queda já registrada na série histórica iniciada
em 2000;
5 – Queda acumulada do emprego na
indústria de 5,7% neste ano até setembro e de 5,4% em 12 meses até setembro.
Somando aos números acima outros
indicadores divulgados há mais tempo, temos a dimensão da crise melhor
delineada:
6 - Queda do PIB de 0,50% em setembro
em relação ao mês anterior (medido pelo IBC-Br, indicador do Banco Central que
funciona como uma prévia do PIB oficial do IBGE), e que no ano até setembro
acumula queda de 3,38% contra o mesmo período de 2004;
7 - A elevação do estoque da dívida
pública federal de 1,80% na passagem de agosto para setembro (de R$ 2,686
trilhões para R$ 2,734 trilhões), e que agora muito provavelmente já representa
mais da metade do PIB (na verdade equivale a 49,4% do PIB do ano passado, de R$
5,52 trilhões, mas como teremos recuo da economia neste ano o percentual já
está maior).
8 – Aumento das despesas do governo
federal com o pagamento de juros da dívida, que chegaram a incríveis R$ 277
bilhões no ano até agosto, o que representa treze vezes mais que o déficit
primário obtido no período.
9 – E, por fim, o déficit primário das
contas públicas federais de R$ 20,9 bilhões até setembro (nove primeiros meses
do ano), fruto da queda de 4,6% nas receitas, o que anulou o esforço do ajuste
fiscal e da redução de 4,01% nas despesas.
O que extrair de tais números? No mínimo, que estamos no caminho errado e precisamos corrigí-lo com urgência. Nenhum indicador macroeconômico mostra qualquer reação, qualquer evolução positiva no sentido de melhorar as contas públicas ou dar fôlego à economia. Pelo contrário. Todo o sacrifício imposto aos brasileiros desde o início do ano, com a posse de Joaquim Levy na Fazenda, foi justificado pela necessidade de colocar as contas do governo em dia, para que este tivesse uma boa folga de caixa (superávit primário) para honrar o pagamento dos juros e amortizar a dívida.
O que extrair de tais números? No mínimo, que estamos no caminho errado e precisamos corrigí-lo com urgência. Nenhum indicador macroeconômico mostra qualquer reação, qualquer evolução positiva no sentido de melhorar as contas públicas ou dar fôlego à economia. Pelo contrário. Todo o sacrifício imposto aos brasileiros desde o início do ano, com a posse de Joaquim Levy na Fazenda, foi justificado pela necessidade de colocar as contas do governo em dia, para que este tivesse uma boa folga de caixa (superávit primário) para honrar o pagamento dos juros e amortizar a dívida.
Não é isso que está acontecendo.
Infelizmente, o que vemos é o contrário. Piora do desempenho da economia e
deterioração das contas públicas. Inflação e recessão. O conjunto não deixa
dúvidas de que é necessário inverter a política econômica. E não será com a
troca de Joaquim Levy por Henrique Meirelles, que são da mesma escola ortodoxa,
que vamos fazer isso. Mas sim por alguém que pense o contrário deles.

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