terça-feira, 3 de novembro de 2015

MOVIMENTAÇÃO DE DINHEIRO BENEFICIA O BOLSO



  

Márcio Doti


Semana mais curta, nem por isto menos importante. A folga prolongada acabou recheada com a informação da Revista Época, segundo a qual o Coaf, órgão do Ministério da Fazenda que investiga operações financeiras suspeitas, encaminhou à CPI do BNDES, da Câmara dos Deputados, um relatório em que figuras como o ex-presidente Lula, os ex-ministros Palocci, Erenice Guerra e Fernando Pimentel aparecem como responsáveis pela movimentação de mais de R$300 milhões no período de 2008 a 2015. As assessorias se apressaram a informações preliminares, nos moldes conhecidos, o Instituto Lula se adiantou a dizer que o ex-presidente ganhou R$52,3 milhões entre 2011 e 2015 em atividades profissionais. O mesmo que Palocci, que movimentou R$216 milhões entre 2008 e 2015. Pimentel prefere se manifestar quando tiver conhecimento oficial do relatório do COAF. E Erenice Guerra nada quis dizer ainda. Interessante como ministros e chefes de Casa Civil se metem em confusão e os seus chefes não conseguem ver. De qualquer modo, mesmo com um dia a menos há muito espaço na mídia para quem quiser de fato se explicar.
A magia da fome
Por falar em explicações, as noites de Brasília têm servido para afinações incríveis, olha que agora o discurso do ex-presidente Lula contempla o ministro Joaquim Levy e o seu ajuste fiscal, tem espaço para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que precisa ser melhor compreendido. É fundamental incluir nessas conversas o vice-presidente Michel Temer e desfazer todo esse clima de briga que não convém, principalmente, a quem está com a cabeça na forca e por qualquer escorregão, lá se vai o pescoço. No discurso do ex-presidente Lula tem lugar até para um “mea culpa”, um sentido reconhecimento de que ganharam as eleições com um discurso e depois tiveram que mudar e fazer o que diziam que não iam fazer. E isso é um fato, disse ele arrematando a confissão que não é surpreendente, mas até agora não tinha sido admitida assim com todas as letras. As mentiras dos palanques finalmente foram admitidas, o que não é grande coisa porque o brasileiro, petista ou não, já sabia porque acompanhou tudo nos debates, nas peças de campanha, nas promessas e discussões em que muita mentira foi dita. A reunião que selou toda a estratégia de reação ao quadro difícil em que a economia vai mal, a política tanto quanto e junto disso uma crise moral sem precedentes a minar qualquer esforço porque, a cada dia e a cada hora, surgem fatos novos, constatações novas que mostram o quanto o sofrimento vivido pelo povo em sua mesa de refeições, nas prateleiras de supermercado e nas filas do desemprego, o quanto tudo isso está relacionado com os erros, os enganos, as artimanhas praticadas no poder e pelo poder a qualquer custo.
A conta continua sendo paga pelos que menos podem e quanto mais demagogia, quanto mais gastos forem realizados para sensibilizar, para angariar simpatizantes, mais sofrimento haverá. De tudo o que foi dito, tudo o que se organizou como reação, os desafios mais graves ficaram para depois. Ficaram para depois os planos para curar a economia, reacender a prosperidade. Porque, tristemente, nada disso será obtido num toque de mágica. Quanto mais mágica, quanto mais lábia, mais sofrimento.


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