Márcio Doti
Tomara fosse a música. Não é. Os
lances do meio da semana alimentaram um pouco as esperanças de quem anda
desanimado com tanta bandalheira, tanta audácia, tanto cinismo, e já descendo o
nível, tanto caradurismo. Agora é “cara de pau”. Temos alguns campeoníssimos
entre as figuras mais proeminentes da República. São empertigados, posam de
interessados e dedicados agentes do interesse público, às vezes de vítimas,
outras tantas de inconformados. Só enganam a quem quer ser enganado.
Foi notório o interesse e o gosto dos que acompanharam a prisão do senador Delcídio do Amaral e depois a manutenção de sua cadeia. Tudo funcionou como era de esperar, como se poderia pretender, ainda que empurrados, todos os detalhes, por fatores que também não ficaram escondidos. O senador teve a má sorte de ser apanhado e gravado justamente quando citava ministros do Supremo Tribunal Federal como íntimos e ao alcance.
Depois, o plenário do Senado teve que se ver cara a cara entre o voto e a opinião pública, nada do sonhado voto secreto, absurdo rejeitado a poder de muita luta e muita dificuldade, quando não deveria sequer ser posto como uma alternativa. Todavia, mesmo guardando esses senões, o desenrolar dos fatos graves agradou à plateia indignada. É isto que justamente precisa ser evado em conta.
Aparente calmaria
Nossas instituições andam tão desacreditadas que demonstrações como as que ocorreram na última quarta-feira se tornam grande destaque quando deveriam ser a rotina dos procedimentos, das atitudes, das reações diante de crimes praticados. Um senador, em pleno exercício de mandato, e ainda com a responsabilidade de falar pelo governo no plenário mais alto da República, tem que ser preso e processado quando apanhado tentando dar fuga e subornar uma testemunha de caso rumoroso em que o país perdeu uma fortuna incalculável em transações absurdas e negociatas inconcebíveis.
Mas foi a glória. Olha só o “algo” espetacular vivenciado. Porque, no íntimo, cidadãos brasileiros estão descrentes, mesmo que indignados com tantos absurdos a desfilar diante de todos, ao mesmo tempo em que se amargam os efeitos de crises cujo tamanho ainda não conhecemos inteiramente.
Nas palavras indignadas, também da ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, parece estar, também, a consciência desse estado de espírito da opinião pública brasileira, desacatada, desrespeitada, desprezada por tanta audácia, tanta certeza de impunidade, tanta convicção de que regalias, imunidades, boas relações, tudo soma a favor dos malfeitos e dos malfeitores. Nunca a favor do interesse público, do interesse coletivo, do que deveria ser inatingível, inatacável, invulnerável.
Somos um país com o moral em baixa. De cidadãos tristes, abandonados, deixados de lado enquanto o erro e os errados levam vantagem, prevalecem, avançam. Resta a esperança de uma reação dos bons, dos que tendo em mãos a responsabilidade das atitudes, das correções, devem socorrer os poucos que estão avançando nesta direção.
Foi notório o interesse e o gosto dos que acompanharam a prisão do senador Delcídio do Amaral e depois a manutenção de sua cadeia. Tudo funcionou como era de esperar, como se poderia pretender, ainda que empurrados, todos os detalhes, por fatores que também não ficaram escondidos. O senador teve a má sorte de ser apanhado e gravado justamente quando citava ministros do Supremo Tribunal Federal como íntimos e ao alcance.
Depois, o plenário do Senado teve que se ver cara a cara entre o voto e a opinião pública, nada do sonhado voto secreto, absurdo rejeitado a poder de muita luta e muita dificuldade, quando não deveria sequer ser posto como uma alternativa. Todavia, mesmo guardando esses senões, o desenrolar dos fatos graves agradou à plateia indignada. É isto que justamente precisa ser evado em conta.
Aparente calmaria
Nossas instituições andam tão desacreditadas que demonstrações como as que ocorreram na última quarta-feira se tornam grande destaque quando deveriam ser a rotina dos procedimentos, das atitudes, das reações diante de crimes praticados. Um senador, em pleno exercício de mandato, e ainda com a responsabilidade de falar pelo governo no plenário mais alto da República, tem que ser preso e processado quando apanhado tentando dar fuga e subornar uma testemunha de caso rumoroso em que o país perdeu uma fortuna incalculável em transações absurdas e negociatas inconcebíveis.
Mas foi a glória. Olha só o “algo” espetacular vivenciado. Porque, no íntimo, cidadãos brasileiros estão descrentes, mesmo que indignados com tantos absurdos a desfilar diante de todos, ao mesmo tempo em que se amargam os efeitos de crises cujo tamanho ainda não conhecemos inteiramente.
Nas palavras indignadas, também da ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, parece estar, também, a consciência desse estado de espírito da opinião pública brasileira, desacatada, desrespeitada, desprezada por tanta audácia, tanta certeza de impunidade, tanta convicção de que regalias, imunidades, boas relações, tudo soma a favor dos malfeitos e dos malfeitores. Nunca a favor do interesse público, do interesse coletivo, do que deveria ser inatingível, inatacável, invulnerável.
Somos um país com o moral em baixa. De cidadãos tristes, abandonados, deixados de lado enquanto o erro e os errados levam vantagem, prevalecem, avançam. Resta a esperança de uma reação dos bons, dos que tendo em mãos a responsabilidade das atitudes, das correções, devem socorrer os poucos que estão avançando nesta direção.

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