terça-feira, 27 de outubro de 2015

SE CORRER O BICHO PEGA SE FICAR O BICHO COME



  

Márcio Doti




A pergunta mais ouvida, nos últimos tempos, diz respeito ao descrédito de brasileiros quanto a um caminho que leve ao combate eficaz de tanta sujeira instalada em pontos importantíssimos do poder. Ao deparar com tantas coisas graves, os brasileiros levam para as esquinas, salões e lugares de bate-papo as suas inquietações e, praticamente, um grande receio de que tudo o que está estampado não seja suficiente para vencer as artimanhas, as redes de proteção, a surpreendente desfaçatez com que tem procurado escapar os grandes culpados por tudo isto que hoje é um tormento para as famílias brasileiras. As promessas se foram, o falatório de igualdade e justiça social tem sido apenas um meio de mascarar grandes golpes como esses que retiraram do curso normal uma verdadeira fortuna de dinheiro público repartido entre poucos, deixando a descoberto os tantos e tantos que sonharam com melhores dias, vida menos dura, realidade menos cruel e se deixaram encantar.
Nunca o brasileiro foi colocado diante de algo tão contundente e tão escandaloso. E como o tempo vai passando sem que se desenrole todo o quadro é natural que por temor ou por descrença ainda existam muitíssimos a acreditar que tudo pode se acomodar, por mais que isso seja detestável. Mas se é novidade o que vivemos hoje, se os escândalos têm dimensões que nunca tiveram, também é fato que vivemos um outro momento, equipado com outras ferramentas que tornam mais difícil o controle e o contorno dos obstáculos para ir em frente como se nada tivesse acontecido. Claro que para alguns a estrada já está traçada, não há como escapar da punição. Porém, o que querem os brasileiros sérios e sensatos, capazes de pensar nas gerações do amanhã, é um desfecho de seriedade, de honestidade, capaz de convencer quanto ao combate do mal e do errado.
O ambiente jurídico, político, econômico, enfim, todo o quadro que possa aconselhar um impeachment é paralisado exatamente onde o processo deve começar e se consumar qual seja o Congresso Nacional, e mais especificamente, a Câmara dos Deputados. Seu presidente não reúne, no momento, as condições morais e políticas para conduzir o processo porque sua condição ficou ameaçada e fragilizada desde que autoridades suíças confirmaram a existência de conta em banco daquele país com verdadeira fortuna, algo que vem casado com denúncias feitas na Operação “Lava Jato”.
O que vem em socorro do bem e dos tantos que sonham com um Brasil livre de tanta imundície é que se o escândalo tem dimensões jamais vistas no país, também é verdade que hoje reunimos outras formas de conscientização quais sejam as redes sociais, ainda tão imperfeitas, mas já tão importantes para auxiliar na montagem do que realmente importa: dar voz e vez aos brasileiros no exercício pleno e saudável da manifestação, da reivindicação, da cobrança. Não há outro caminho. Parece não haver lugar para representantes porque o processo se contaminou e desse modo ficou prejudicado. É a cobrança, o posicionamento, a firme determinação em cobrar resultados, mudanças e correções que poderão conduzir aos consertos de que o país necessita.

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