Márcio Doti
Esse duelo era esperado. De um lado,
Lula e a sua vontade de fomentar um falso ar de reação na economia para daí
retirar apoios e com ele plantar um ambiente de revanche, com apoiadores,
militantes que hoje faltam de tanto que os absurdos e a economia em frangalhos
derrubaram o discurso da justiça social. Como é que se faz justiça social com
desemprego, carestia, inflação, desaquecimento da economia? Do outro lado, o
ministro Joaquim Levy, empurrado pela presidente Dilma Rousseff, querendo
implantar austeridade, fazer o povo entender que é preciso enxugar o país, como
se fosse possível esquecer que a presidente foi para os palanques do ano
passado e garantiu aos brasileiros que tudo isso que pregava à sua oposição era
falso, que o Brasil ia bem, obrigado. E entre seus trunfos de agora, lança dois
da maior vergonha: a volta do imposto do cheque com o qual espera arrecadar
dinheiro para atravessar as eleições gastando e o verdadeiro golpe que se
pratica contra o trabalhador brasileiro ao retirar do FGTS (Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço), um dinheiro do trabalhador brasileiro, nada menos do que
R$8 bilhões. Dinheirama retirada do trabalhador a fundo perdido, quer dizer,
não voltará nunca para o caixa dos seus donos e servirá para alimentar o
programa Minha Casa, Minha Vida, com o qual pretende completar o seu leque de
demagogias eleitorais.
GARFADA NO DINHEIRO DO TRABALHADOR
Ao abordar o golpe praticado contra os
depósitos judiciais, no plano federal e aqui, em Minas, pelo governador
Fernando Pimentel, com apoio dos deputados da base de governo, lembramos o que
foi feito no passado com o Fundo Previdenciário, talvez o maior fundo do mundo,
destruído, arrasado por governos que se sucederam no empreguismo, nos saques,
nas fraudes, em tudo o que acabou com o dinheiro dos trabalhadores, que depois
se transformam em aposentados. Alertei para o que poderia acontecer com o FGTS,
com o FAT (Fundo de Amparo do Trabalhador), o PIS/Pasep, enfim, todos os fundos
que, pertencendo ao povo, estavam sendo desrespeitados pela busca obstinada por
dinheiro. Foi aqui no Hoje em Dia, na coluna de Ricardo Gallupo, que o
jornalista contou em detalhes a manobra através da qual o Conselho Curador do
FGTS, dirigido por um ministro de estado, por um vice também ministro e por
membros indicados em sua maioria pelo governo, aprovou a liberação para o
governo dos R$8 bilhões que vão servir para alimentar o programa Minha Casa,
Minha Vida, para faltar no futuro, quando dessa imensa fortuna necessitar o seu
legítimo dono que é o trabalhador brasileiro. Aí se igualará ao aposentado.
Aquele porque contribuiu ao longo da vida para o fundo previdenciário, sem
notar ou sem querer notar, velho hábito brasileiro, que estavam enfiando a mão
no dinheiro e que no futuro ele, aposentado, lesado em seu patrimônio coletivo,
seria considerado um estorvo, não teria sequer direito a um reajuste de
aposentadoria no mesmo nível do pessoal da ativa. Receberia migalhas. E iria
cobrar justiça de quem? Os que se sucederam destruindo o dinheiro já se foram.
Ficou só o rombo. E a falta de compromisso.
AGORA É SAQUEAR O FGTS
Depois do que fizeram com o Fundo da
Previdência e do que aconteceu com os aposentados, é a vez do trabalhador, dono
do FGTS, cujo conselho curador, que deveria tomar conta do dinheiro, decide
liberá-lo para o governo gastar sem qualquer compromisso de devolver. E se
estão falhando os membros desse conselho curador, onde estão nossos deputados e
senadores? Onde estão os que deveriam cuidar do dinheiro que é patrimônio dos
trabalhadores? Estão no mesmo lugar dos tantos que assistiram à destruição do
Fundo da Previdência Social. Olhando, tirando proveito, dando de ombros.

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