terça-feira, 6 de outubro de 2015

O PMDB É CONFIÁVEL OU APROVEITA DA SITUAÇÃO?



  

Por: Malco Camargos*


O melhor lugar do mundo nem de longe é aquele ocupado por um chefe do Executivo. Ao ver a situação da presidente Dilma no momento me ocorre a anedota “A espada de Dâmocles”, escrita ainda antes de Cristo.
Reza a lenda que Dâmocles, um cortesão, conseguiu que o imperador Dionisio o deixasse governar por um dia para que ele pudesse experimentar o que era a vida de um homem com poder e autoridade. Em um primeiro momento, Dâmocles se encantou com toda a sorte de luxo que ia experimentando – jantares, súditos, etc...
Mas antes de o prazo se esgotar, percebeu que sobre sua cabeça pendia uma espada presa apenas por um fio de rabo de cavalo. Vendo a ameaça iminente, antes do prazo se esgotar, Dâmocles devolveu o cargo a Dionísio dizendo que não queria ser tão afortunado.
A anedota representa bem a situação em que o PMDB coloca a presidente Dilma neste momento. O partido está ao lado da presidente mas, a qualquer momento, ameaça retirá-la do poder com o impeachment.
Esta ameaça constante coloca o partido, ora aliado ora adversário da presidente, em uma situação extremamente confortável. A cada dia que se passa o PMDB vê seu poder e o acesso a recursos públicos, seja através de cargos ou de orçamento, ampliar. Nunca antes na história dos governos petistas o PMDB teve tanto poder.
Atualmente, o PMDB controla sete ministérios e, entre eles, um dos mais relevantes, o Ministério da Saúde.
A constante ameaça de instauração do impeachment somada a conversas constantes com a oposição e a pressão em votações fundamentais para o ajuste das contas públicas faz com que o PMDB se torne um aliado vital para a sobrevivência de um governo que, atualmente, amarga recordes de impopularidade.
Enquanto o governo cede cada vez mais às vontades e caprichos do PMDB, a presidente, sob constante ameaça de perder o cargo, não consegue pautar uma agenda positiva e, como na anedota de Dâmocles, não sabe se sobreviverá ao dia de amanhã.
Ganhando tempo, cedendo espaço, o governo consegue uma sobrevida, mas não pode se beneficiar das delícias proporcionadas pelo poder. A presidente e seu partido vão ficando cada vez mais enfraquecidos, desgastados com a necessidade de ajustes nas contas públicas, cortes de gastos e criação de impostos, enquanto aqueles que estão fora do trono se deliciam com as estruturas de poder.
No momento atual, seja quem for que nos governe, terá que seguir a receita de cortes de gastos e geração de novas receitas. Não há mistério, a saída da crise passa pela retomada do controle das contas públicas e isto não se faz sem uma boa dose de medidas impopulares.
Por isso, o papel do PMDB é o mais confortável possível. Pode ter acesso ao poder, pode controlar parte significativa do orçamento e das nomeações, sem ter a ameaça ou o desgaste de quem ocupa a principal cadeira eletiva da nação.
O PMDB deixa todo o ônus de ser governante para o PT e faz a festa na luxúria de quem tem acesso a recursos de poder.
*Doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas e diretor do Instituto Ver
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...